Sapatilha pintada com base por Ingrid Silva vira peça de museu nos EUA

Bailarina Ingrid Silva e sapatilha pintada com base
Sapatilha que combina com peles negras só passou a ser produzida em 2017 (Reprodução/@ingridsilva/Instagram + Reprodução/@smithsonian/Twitter)

A bailarina brasileira Ingrid Silva está fazendo história mais uma vez e vai ter uma de suas sapatilhas expostas no Museu Nacional de Arte Africana Smithsonian, nos Estados Unidos. Para conseguir que o calçado ficasse compatível com seu tom de pele, Ingrid usava base para pintá-lo. O anúncio da nova peça do acervo foi feito pelo próprio museu, nas redes sociais.

A carioca, de 30 anos, celebrou o momento em sua conta no Twitter. Grávida, ela falou sobre a emoção de poder mostrar para a criança a sapatilha, agora parte de um museu que fala da história negra. “Pensando aqui quando está criança nascer eu vou falar assim: vamos no mudeu, aprender sobre história Negra, e lá vou apontar pra ela. Está vendo isso aqui é a sapatilha da mamãe. Que dia meus caros que dia! Fazendo história novamente”, escreveu.

Sapatilhas só para brancos

A bailarina passou a maior parte da carreira com o hábito de pintar as sapatilhas. Uma sapatilha que fosse fabricada para ter alguma compatibilidade com peles negras só passou a ser produzida em 2017, pela marca Gaynor Minden. Ingrid recebeu um par do calçado em 2019 e, após 11 anos, usando sapatilhas claras pintadas, foi possível deixar o hábito de lado.

Para a dança, é importante a compatibilidade do tom da sapatilha de ponta com a pele do dançarino, para dar a sensação longilínea aos movimentos das pernas. Ao receber a sapatilha, a bailarina celebrou o avanço conquistado. “É uma sensação de dever cumprido, de revolução feita, viva a diversidade no mundo da dança. E que avanço viu demoro mas chego!”, escreveu.

Quem é Ingrid Silva?

Em um depoimento à Vogue, em 2018, a bailarina contou um pouco de sua origem e de como entrou para o balé. Filha de uma empregada doméstica e de um funcionário aposentado da Força Aérea Brasileira, Ingrid teve contato com a dança por meio de um projeto social. O “Dançando Para Não Dançar” leva aulas de balé para comunidades carentes no Rio de Janeiro.

“Quando entrei para a Escola de Dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal, aos 12 anos, me apaixonei de verdade pelo balé e também passei a notar que nas principais companhias praticamente só havia bailarinos brancos. Por muito tempo fui a única negra nas aulas, o que para mim não era um empecilho. Havia racismo, mas isso nunca me impediu de dançar”, disse, no relato à revista.

A partir daí, Ingrid deslanchou na carreira na dança. Com uma passagem pelo Grupo Corpo, em Belo Horizonte, Ingrid dançou nos Estados Unidos e lá fundou o EmpowHer New York, que é uma plataforma colaborativa criada para dar voz às mulheres reais e suas questões.

“Mas o que me motiva de fato é poder ser inspiração para jovens de áreas carentes, que não têm tantas oportunidades. É muito importante que vejam que, se tem alguém ali que conseguiu, eles também podem conseguir. Sou um exemplo real, não uma ideia”, declarou à revista.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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