Engenheiro civil relata ameaças e nega ter ofendido fiscal

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O homem também confirmou ter recebido o auxílio emergencial (TV Globo/Reprodução)

O engenheiro civil, que foi flagrado pela reportagem do Fantástico questionando um fiscal que controlava uma aglomeração no Rio de Janeiro, relatou estar sofrendo ameaças após a repercussão do trecho, que viralizou (leia aqui). O homem nega ter ofendido o superintendente de educação e projetos da Vigilância Sanitária, Flávio Graça.

“Estamos hoje com medo da nossa integridade física. Desde o momento em que a reportagem foi ao ar, as pessoas na internet começaram a nos ameaçar. Há 24 horas, não dormimos, não comemos e só bebemos água. Estamos apavorados com tudo isso”, declarou o homem ao jornal Extra, nessa segunda-feira (6).

No trecho da reportagem, o homem, que pediu para não ter o nome revelado, aparece ao lado da companheira, intimidando o fiscal. Durante a conversa, quando o profissional chamou o engenheiro de cidadão, a esposa respondeu: “Cidadão não, engenheiro civil. Formado, melhor do que você”. O engenheiro nega que eles tenham atacado o profissional. 

“Em nenhum momento houve agressão ou intimidação. Eu não tinha essa intenção. Como a mídia estava lá gravando, estávamos cansados [depois de um dia de trabalho] e havíamos acabado de ser expulsos do restaurante, ficamos exaltados. Volto a dizer: em nenhum momento houve agressão”, afirmou.

“Classifiquei que eu tinha direito de falar com ele porque sou pagador dos meus impostos. Quis questionar a metodologia da medição e o fiscal disse que era para eu procurar a superintendência para ver como era o método estabelecido. Então, eu me exaltei e disse que eu era o chefe dele, porque pagava meus impostos”, contou.

Ameaças

O engenheiro conta que ele e a mulher têm recebido ameaças por telefone. “Estão nos xingando, nos ameaçando, estamos apavorados. Eu não esperava essa repercussão. Estamos com medo de sair na rua. Não queremos nem pensar em sair às ruas”, relatou.

Ele diz que gravou toda a conversa no próprio telefone, que ele aparece segurando na reportagem, e afirma que policiais militares estavam presentes o tempo todo. “Tinham dois PMs à minha direita. Eu nunca vou agredir alguém. Ele não me fez nada. Agressão é uma resposta a uma agressão”, completou.

O homem, revelou ao Extra que tem um filho pequeno, contou que pretende fazer um boletim de ocorrência denunciando as ameaças e até cogita pedir proteção para o Estado, no programa de proteção à testemunha.

Auxílio emergencial

Após a repercussão do caso, também foi noticiado que o homem teria recebido o auxílio emergencial de R$ 600, disponibilizado pelo governo durante a pandemia de Covid-19. Ao jornal, ele confirmou a informação.

“Eu recebi, sim, os R$ 600 porque estava desempregado. Consegui emprego no meio da pandemia. Se for necessário, eu devolvo. Entendo que essa medida emergencial se aplica a pessoa que precisa. Naquele momento era o meu caso”, revelou.

Ainda na segunda-feira, após a repercussão do trecho da reportagem, a mulher que aparece ofendendo o fiscal foi demitida da empresa onde trabalhava. A Taesa, empresa privada do setor de energia, tomou a decisão porque ela “desrespeitou a política vigente na empresa” (leia aqui).

‘Melhor do que você’

A reportagem do Fantástico acompanhou uma ronda da vigilância no sábado (4), e flagrou uma aglomeração em um bar que, segundo os fiscais, não seguiu regras de higiene e distanciamento. Sem máscara, a mulher e outras clientes do bar, intimidaram o superintendente de Inovação, Pesquisa e Educação em Vigilância Sanitária, Fiscalização e Controle de Zoonoses da Prefeitura do Rio de Janeiro, Flávio Graça, que fiscalizava o local.

“Não vai falar com seu chefe, não?”, questionou o homem. “A gente paga você, filho. O seu salário sai do meu bolso”, disparou a mulher que estava com ele. “Cadê sua trena? Quero saber como você mediu sem trena”, ironizou o homem. O fiscal respondeu: “Tá, cidadão”, e a mulher revidou: “Cidadão, não. Engenheiro civil, formado. Melhor do que você”.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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