Flexibilização: PBH pesa prós e contras, mas decisão pode sair só na sexta

Comitê PBH avalia reabertura em BH
A equipe tenta encontrar uma forma de atender o comércio da cidade e manter os índices da Covid em baixa (Amanda Dias/BHAZ)

O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte voltou a se reunir com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) nesta quarta-feira (14). No encontro, marcado para decidir os rumos do comércio na capital, o grupo avaliou elementos positivos e negativos do cenário atual da pandemia. A decisão, no entanto, ainda não saiu – e pode levar até esta sexta-feira (16).

Alguns dos motivos que podem ter causado impasse na decisão entre reabertura e manutenção do fechamento são a melhora nos indicadores da Covid-19 nos últimos dias e, em contrapartida, o risco iminente de falta de insumos e de profissionais de saúde na capital.

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) e os médicos infectologistas voluntários tentam encontrar uma maneira de manter a queda nos números da doença e atender de forma responsável os pedidos de milhares de comerciantes que estão com lojas fechadas. Além da reunião de hoje, o comitê volta a se reunir amanhã (15) e, se necessário, na sexta-feira, até chegar a uma decisão definitiva.

O encontro entre o chefe do Executivo municipal e os infectologistas foi anunciado na tarde de segunda-feira (12) após os indicadores da Covid-19 apresentarem melhora. No dia 5 de março – ou seja, há mais de um mês -, Kalil anunciou que BH havia voltado à “estaca zero” e desde então apenas os serviços essenciais estão autorizados a funcionar.

Alívio nos indicadores

Após um avanço alarmante da Covid-19 desde o início de março deste ano, Belo Horizonte voltou a ter dois dos três indicadores de risco fora do nível mais alarmante. Nessa terça-feira (12), data do boletim epidemiológico mais recente divulgado pela PBH, os indicadores voltaram a registrar queda.

A taxa de ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) é a única que segue no nível mais alarmante: 86,1 % dos 1.147 leitos estão em utilização, o que deixa o indicador no nível vermelho. Já a ocupação de enfermarias caiu de 69,6% para 68,4% e segue no amarelo.

A taxa de transmissão da Covid-19 é o indicador em nível menos preocupante atualmente. Nas últimas 24 horas, o RT caiu de 0,89 para 0,88 – o que, mais uma vez, indica desaceleração na propagação do vírus na capital. Na prática, significa que cada 100 pessoas infectadas conseguem transmitir a doença para outras 88, em média.

Apesar da melhora, falta ‘kit intubação’

Apesar da queda nos indicadores apontar para uma possível flexibilização, o comitê da PBH precisa considerar ainda um outro elemento importante. Leitos de UTI para tratar a Covid-19 estão sendo fechados devido à falta de medicamentos para intubar pacientes.

Jackson Machado, secretário de Saúde de Belo Horizonte, disse que a falta do chamado “kit intubação” coloca a capital mineira numa “situação desesperadora”. A afirmação foi dada durante a live “O colapso da Saúde: e agora”, realizada hoje (9), dia em que Minas teve o maior número de infectados em 24 horas: 16.479.

Jackson destacou, no começo da fala, que “estamos em guerra” contra o novo coronavírus. “Estamos em uma situação de guerra e tudo é possível e tudo acontece. Embora tenhamos nos preparado, jamais poderíamos pensar nesta catástrofe com as novas cepas que chegaram… O vírus sofre milhares de mutações”, disse na live promovida pelo Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

‘Estamos preocupados’

O líder da pasta disse que o momento é de “enfrentar a pandemia juntos”, mas destacou os obstáculos encontrados para adquirir medicamentos. “Estamos muito preocupados com a falta de insumos, principalmente do ‘kit intubação’. Este é um problema nacional, hospitais estão comprando os kits com aumento de até 500% no preço”.

“Os fornecedores não têm fornecido para ninguém porque a demanda é muito alta. A situação é desesperadora”, complementou Jackson. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também já havia alertado para a falta destes medicamentos. “Corremos o risco de pacientes intubados acordarem porque faltou sedativo e isso não pode ocorrer de forma alguma”, disse.

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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