Como foi a entrevista de Lula no Jornal Nacional

Lula foi entrevistado nesta quinta (25) no Jornal Nacional.

O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula na Silva, foi entrevistado nessa quinta-feira (25) pelo Jornal Nacional. A entrevista dá sequência às sabatinas realizadas pela Globo com os candidatos ao cargo, nas Eleições 2022, que melhor pontuaram nas pesquisas.

Corrupção

A primeira pergunta, dirigida pelo entrevistador William Bonner a Lula foi sobre corrupção. A pergunta se iniciou com uma afirmação de Bonner. “O senhor não deve nada a Justiça. Ela deu razão ao senhor”, disse o apresentador, referindo-se à anulação das condenações de Lula pelo STF.

O apresentador perguntou ao candidato se, diante dos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras durante os governos petistas, como Lula faria para convencer o eleitor de que em seu novo governo não haveria corrupção.

Lula respondeu que a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Listou então uma série de ações dos governos petistas que facilitaram o combate à corrupção no país e conferiram maior independência a órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público.

Defendeu, ainda, que adotou, durante o seu governo, o critério de escolher, como Procurador Geral, sempre o primeiro nome da lista tríplice apresentada pelo Ministério Público, o que é considerado uma forma de conferir maior autonomia ao órgão.

Ao falar da Operação Lava-Jato, o ex-presidente adotou um tom crítico.

“Por conta da Lava Jato, nós tivemos 4 milhões de desempregados, tivemos bilhões que deixaram de ser investidos. Você pode fazer investigação com a maior seriedade. Se rouba, você prende. Mas você permite que a empresa continue funcionando. O que fizeram com a Petrobrás foi uma insanidade”, afirmou o ex-presidente.

Alegou, ainda, que a operação teria ultrapassado o limite da investigação, adentrando no campo da política.

Em seguida, ainda sobre o mesmo tema, a entrevistadora Renata Vasconcellos perguntou para o candidato por que ele não fala o que vai fazer quando acabar o mandato de Augusto Aras na PGR (Procuradoria Geral da República). Lula disse que é para gerar uma ‘pulguinha’ atrás da orelha do Ministério Público, mas reafirmou que não busca por um procurador leal a ele, mas ao povo brasileiro.

Economia

Ao perguntar sobre economia, Bonner taxou o desempenho do governo Dilma como ruim e o de Lula, enquanto esteve na presidência de bom, questionando ao candidato o que os eleitores deveriam esperar das diretrizes econômicas de um governo do petista.

Lula defendeu a ex-presidente e disse que ela foi exemplar enquanto atuou à frente da Casa Civil, em seu segundo governo. Afirmou, no entanto, que ela cometeu alguns erros, principalmente quanto ao controle do preço dos combustíveis e à concessão de isenções fiscais.

O candidato disse, ainda, ser possível lidar com as chamadas “bombas fiscais” deixadas pelo atual governo, principalmente, pela concessão de aumentos nos benefícios sociais às vésperas das eleições.

Ele argumentou que, em 2003, quando assumiu a presidência da república pela primeira vez, a situação econômica do Brasil era ruim e que, segundo ele, “o Brasil tinha quebrado duas vezes”,

Governabilidade e orçamento secreto

Perguntado sobre como faria para lidar com o chamado “centrão”, Lula afirmou que vai conversar com o congresso por meio dos partidos e que aprendeu a ter diálogo com os divergentes. Sobre o tema, afirmou ainda que o orçamento secreto era bem diferente de uma negociação.

“Não é moeda de troca, isso aqui é uma usurpação do poder. Ou seja, acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional, o Bolsonaro sequer cuida do orçamento. O orçamento quem cuida é o Lira, ele quem libera a verba, o ministro liga pra ele, não liga para o Presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a Proclamação da República”, afirmou o candidato.

Quando questionado por Renata Vasconcellos se ele acredita que será capaz de convencer o congresso a renunciar a um mecanismo que dá amplo poder aos parlamentares, Lula respondeu:

“Nós vamos resolver conversando com os deputados. Espero que a sociedade brasileira aprenda nessas eleições uma lição muito grande: o Congresso Nacional é o resultado da sua consciência política no dia das eleições. Então quando você for votar, coloque esperança, coloque otimismo, não coloque rancor na urna, porque não dá certo”.

‘Ciúme de Alckmin”

Questionado sobre o apoio da militância do PT ao ex-governador, que foi criticado no início da negociação da chapa, Lula respondeu que está com ciúme de Alckmin.

“Bonner, nós não estamos vivendo no mesmo mundo. Eu estou até com ciúme do Alckmin. Você tem que ver que sujeito esperto.”, brincou o candidato.

O ex-presidente ressaltou que Alckmin foi aplaudido de pé em discurso recente. “O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma. O que eu não quero é que o PT peça para ele se filiar porque a gente não quer brigar com o PSB”, afirmou. Lula também defendeu a aliança para garantir proximidade com o empresariado.

“Estabilidade é para você convencer o governo cumprindo com sua tarefa que os empresários privados do Brasil, e os empresários estrangeiros, tenham condições e saibam que têm estabilidade para fazer investimento aqui dentro”, disse.

Política internacional

Quando William Bonner questionou o candidato sobre política internacional, o apresentador sugeriu que o petista evitava criticar ditaduras de esquerda na América Latina. Em resposta, o petista disse respeitar a “autodeterminação dos povos”. 

“Primeiro, para um democrata a gente precisa respeitar a autodeterminação dos povos. Cada país cuida do seu nariz, é assim que eu quero para o Brasil, é assim que eu quero para os outros “.

Afirmou, ainda, que, caso seja eleito, o Brasil vai “atrair amigos que andavam sumidos”. Ele mencionou que o Brasil não tem litígios internacionais e que terá boas condições de se relacionar com lideranças dos mais diversos países.

Outras entrevistas

O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro a ser entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Rede Globo, na última segunda-feira (22).

No dia seguinte, foi a vez de Ciro Gomes, do PDT, ocupar a bancada do jornal mais assistido do país.

A última entrevistada será Simone Tebet (MDB), nesta sexta-feira (26).

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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