Lula e Bolsonaro se enfrentam no 2º turno das eleições presidenciais

Lula e Bolsonaro
Ricardo Stuckert/Divulgação + Marcelo Camargo/Agência Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Por volta das 21h25 deste domingo (2), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que os dois candidatos alcançaram os votos necessários para avançar no pleito.

Com 96,93% das urnas apuradas, Lula alcançou mais de 47,85% dos votos válidos. Já Bolsonaro aparece em segundo lugar, com 43,70%. 

Em seguida aparecem Simone Tebet (MDB), com 4,22%; Ciro Gomes (PDT), com 3,06%; Soraya Thronicke (União Brasil), com 0,51%; e Felipe d’Avila (Novo), com 0,48%.

Votos brancos e nulos somam mais 4,41%.

Lula tem como vice Geraldo Alckmin (PSB). Já a chapa de Bolsonaro tem o general Walter Braga Netto (PL) como vice.

Quem é Lula?

Luiz Inácio Lula da Silva foi o 35.º Presidente do Brasil. Governou o país durante dois mandatos, entre 01 de janeiro de 2003 e 01 de janeiro de 2011. Foi também líder sindical e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).

Lula nasceu na cidade de Garanhuns, Pernambuco, no dia 27 de outubro de 1945. Filho dos lavradores Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, é o sétimo de oito filhos do casal.

Em dezembro de 1952, junto com sua mãe e os irmãos, migrou para São Paulo, em busca de melhores condições de vida.

Com 12 anos, Lula conseguiu seu primeiro emprego numa tinturaria. Também foi engraxate e office-boy. Com 14 anos, começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Colúmbia, quando teve a Carteira de Trabalho assinada pela primeira vez. Em seguida, trabalhou na Fábrica de Parafusos Marte.

Nessa época, iniciou o curso de torneiro mecânico no Serviço Nacional da Indústria – SENAI. Depois de três anos, já formado, ingressou na Metalúrgica Independência, onde permaneceu por 11 meses trabalhando no turno da noite. Em 1964, com 18 anos, teve o dedo mínimo da mão esquerda cortado por uma prensa.

Ainda em 1964, Lula perdeu o emprego depois de reivindicar aumento salarial. Em 1965, foi admitido na Fris, no Ipiranga.

Lula líder do Sindicato dos Metalúrgicos

Em 1966 foi admitido nas Indústrias Villares, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde se concentravam várias indústrias. Nessa época, passou a se envolver nos movimentos sindicais, levado por seu irmão José Ferreira da Silva, conhecido por Frei Chico.

Em 1975 foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, se tornando uma importante liderança operária. Em 1978 foi reeleito e no dia 13 de março de 1979, depois de 10 anos sem greves, comandou uma greve que paralisou 180 mil operários do ABC paulista.

Papel de Lula na Fundação do PT

No dia 10 de fevereiro de 1980, Lula comandou a fundação do Partido dos Trabalhadores – PT, formado pela classe operária, sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos ligados à Teologia da Libertação.

Ainda em 1980, outra grande greve no ABC paralisou 330 mil operários durante 41 dias. Depois de uma intervenção federal, Lula, junto com outros sindicalistas, foi preso pela ditadura militar, com base na Lei de Segurança Nacional, passando 31 dias recolhido às instalações do Dops paulista.

Em 1982 o PT já estava implantado em quase todo o território nacional. Lula liderou a organização do partido e disputou, nesse mesmo ano o Governo de São Paulo, mas não se elegeu.

Em agosto de 1983 participou da fundação da CUT – Central Única dos Trabalhadores. No ano seguinte, participou da campanha das “diretas já” para a Presidência da República, que lutava pela democracia. Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo.

Lula na Presidência da República

O PT lançou Lula para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, para Fernando Collor de Mello.

Em 1994 e em 1998 Lula voltou a se candidatar para presidente da República novamente, mas foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso.

Por fim, em 2002, Lula concorreu pela quarta vez ao cargo de presidente da República, tendo como vice o empresário e senador José de Alencar, do PL de Minas Gerais.

No dia 27 de outubro de 2002, com quase 53 milhões de votos, Lula foi eleito Presidente da República, derrotando o candidato do PSDB, José Serra.

Lula concorreu novamente, em 2006, derrotando Geraldo Alckmin do PSDB.

Lula: Prisão e liberdade

Os dois mandatos do presidente Lula foram marcados por grandes avanços sociais e também por grandes escândalos. Lula entrou para a história como o presidente que realizou enormes feitos e priorizou políticas que beneficiaram os mais pobres, em contrapartida, foi acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. 

Através da Operação Lava Jato, investigação realizada na época, no dia 12 de julho de 2017, o juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão.

No dia 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou a condenação de Lula. Na madrugada do dia 5 de abril de 2018 o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o habeas-corpus preventivo que garantiria a liberdade de Lula.

No mesmo dia, Sérgio Moro expediu uma ordem de prisão contra Lula.

Entretanto, Lula não se apresentou imediatamente. Ele se dirigiu para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, cercado de grande número de apoiadores. Acabou se entregando dois dias depois.

Ele permaneceu preso por 580 dias na sede Polícia Federal de Curitiba. Porém, foi solto em 8 de novembro de 2019, depois que o STF revisou e anulou os processos, considerando que houve parcialidade no julgamento.

Nas eleições presidenciais de 2022, Lula foi lançado novamente como candidato à Presidência da República pelo PT. Acesse aqui outras notícias relativas às Eleições 2022.

Quem é Bolsonaro?

Jair Messias Bolsonaro é militar reformado e nasceu em Campinas (SP) no dia 21 de março de 1955, filho de Perci Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi Bolsonaro. É o 38.º presidente do Brasil, desde 1.º de janeiro de 2019, tendo sido eleito com 57.797.847 dos votos, 55,13% do eleitorado brasileiro, pela Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos (PSL/PRTB).

Foi casado com Rogéria Nantes Nunes Braga Bolsonaro, vereadora no Rio de Janeiro entre 1993 e 2001, com quem teve três filhos, Flávio, Carlos e Eduardo. Os três também seguiram pelo política, tendo os dois primeiros exercido mandatos pelo Rio de Janeiro, enquanto Eduardo Bolsonaro viria a ser eleito por São Paulo. Divorciou-se e, algum tempo depois contraiu, segundas núpcias com Ana Cristina Vale, com quem teve outro filho. Após nova separação, casou-se com Michele Bolsonaro em 2007, com quem teve sua primeira filha.

Carreira militar

Em 1977, Bolsonaro concluiu o curso de formação de oficiais da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), localizada em Resende (RJ), e o curso de paraquedismo militar na Brigada Praquedista do Rio de Janeiro. Em 1983 formou-se em educação física na Escola de Educação Física do Exército, e tornou-se mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro.

Em 1986, servindo como capitão no 8º Grupo de Artilharia de Campanha, ganhou projeção nacional ao escrever, na seção Ponto de Vista da revista Veja, artigo intitulado “O salário está baixo”. Para Bolsonaro, o desligamento de dezenas de cadetes da AMAN se devia aos baixos salários pagos à categoria de uma forma geral, e não a desvios de conduta, como queria deixar transparecer a cúpula do Exército. O artigo levou à sua prisão, por infringir o regulamento disciplinar.

Um ano depois, a revista Veja noticiou a invasão da prefeitura de Apucarana (PR) pelo capitão Luís Fernando Valter de Almeida que, à frente de 50 homens, leu manifesto contra os baixos salários das forças armadas. A mesma reportagem apresentava um plano em que o capitão Bolsonaro, na época cursando a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), era um dos personagens centrais. Denominado “Operação beco sem saída”, o plano tinha como objetivo “explodir bombas em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras (…) e em vários quartéis”, com cuidado para que não houvesse feridos. A operação, no entanto, só seria executada caso o reajuste concedido aos militares pelo governo federal ficasse abaixo de 60%.

O plano atribuído a Bolsonaro e ao capitão Fábio Passos da Silva provocou reações imediatas do ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves. Convocados a se explicarem, os dois capitães negaram as acusações.

Bolsonaro foi julgado em 1988 pelo Superior Tribunal Militar (STM), que o considerou inocente das acusações.

Carreira política

Toda essa polêmica em torno de Bolsonaro — que ainda em 1988 foi para a reserva com a patente de capitão — rendeu projeção nos meios militares, o que contribuiu para sua eleição para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro em novembro de 1988, na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC). Empossado em janeiro seguinte, cumpriu pouco tempo de mandato, uma vez que em outubro de 1990 foi eleito deputado federal pelo mesmo partido.

Em outubro de 1990, foi eleito deputado federal pelo PDC. Renunciou ao mandato de vereador e tomou posse na Câmara dos Deputados em 1991. Em 1993, participou da fundação do Partido Progressista Reformador (PPR), nascido da fusão do PDC e do Partido Democrático Social (PDS).

Em 1994, Bolsonaro foi reeleito e na sua candidatura, a sua plataforma de campanha incluía a luta pela melhoria salarial para os militares, o fim da estabilidade dos servidores, a defesa do controle da natalidade e a revisão da área dos índios ianomâmis. 

Foi mais uma vez indicado para a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara. Em 1995, filia-se ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), resultado da fusão do PPR com o PP.

Em 1998, exercendo seu terceiro mandato de deputado, se candidatou ao cargo para presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Em 2002, foi eleito pela quarta vez ao cargo de deputado federal pelo PPB, mas nesse mesmo ano, filia-se ao PTB. No início de 2005 deixa o PTB e filia-se ao PFL. Em abril, deixa o PFL e filia-se ao Partido Progressista (PP).

Em 2006, é eleito para seu quinto mandato. Assume a titularidade das comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania, de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Em 2014, Jair Bolsonaro foi reeleito para o seu 7º mandato. Em março de 2016, filiou-se ao PSC e, em 2017, esteve em negociações com o Patriotas (PEN).

Eleições de 2018 e atentado

Em 2018, Bolsonaro filiou-se ao Partido Social Liberal (PSL) e lançou-se candidato à Presidência da República. Fazendo sua campanha por meio das redes sociais, apostou em um discurso conservador, de recuperação da economia e de combate à corrução e à violência urbana, que mobilizou um grande número de apoiadores. 

No dia 6 de setembro de 2018, Jair Bolsonaro foi esfaqueado no abdômen no momento em que estava em meio a uma multidão fazendo campanha eleitoral na cidade mineira de Juiz de Fora.

Bolsonaro foi levado para a Casa de Misericórdia, onde se submeteu a uma cirurgia. A facada atingiu o intestino delgado e o intestino grosso.

Depois da cirurgia, Bolsonaro foi transferido para o Hospital Albert Einstein em São Paulo. No dia 13, depois de diagnosticado com aderência no intestino, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de emergência, que foi bem sucedida.

A partir de então evitou sair de casa. O agressor foi preso e levado para a Polícia Federal para prestar esclarecimentos.

No primeiro turno das eleições, realizado em 7 de outubro, Bolsonaro ficou em primeiro lugar passando para o segundo turno quando derrotou o petista Fernando Haddad no dia 28 de outubro, com 55,13% dos votos. Essa vitória, interrompeu um ciclo de vitórias do PT que vinha desde 2002.

Maira Monteiro[email protected]

Diretora-executiva do BHAZ desde junho de 2018. Jornalista graduada pela PUC Minas, acumula mais de 15 anos de experiência em redações de veículos de imprensa, como Record TV e jornal Hoje em Dia, e em agências de comunicação com atuação em marketing digital, como na BCW Brasil.

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