A retomada do Carnaval em Belo Horizonte proporcionou não apenas a democratização da cultura e a ocupação do espaço público, mas também de projetos que valorizam a canção popular e promovem a formação de músicos. Entre eles está a Percussão Circular, uma das maiores escolas de percussão e musicalização da capital mineira, que completa 10 anos em 2024. Para celebrar em grande estilo e ‘botar para ferver’, a instituição vai apresentar, neste sábado (30) e domingo (1º), no Palácio das Artes, um espetáculo inédito, dirigido pelo maestro de carnaval, artista e fundador da escola, Di Souza.
Segundo o idealizador, o ‘Percussão Circular: 10 anos’ celebra uma década da existência de uma caminhada cheia de lutas, sorrisos, batuques e abraços do projeto artístico voltado para o ensino de percussão. “A gente começou como uma escola, mas, com o tempo, nos tornamos um grande movimento cultural, com atuação registrada no Carnaval”, afirma Di Souza.
Ao todo, 400 artistas estarão reunidos no palco, entre estudantes de percussão, integrantes do projeto e músicos convidados, no intuito de contar um pouco da história do grupo. “São, principalmente, alunos que se matriculam todo ano para participar das atividades do Percussão Circular. Nos encontramos toda semana e, nas aulas, são estudados os ritmos da cultura popular e as diversas possibilidades dos instrumentos de percussão”, explica.
Durante este fim de semana, serão feitas três apresentações, sendo que os ingressos para o sábado (30), às 20h, e para o domingo (1º), às 19h, estão esgotados. Estão disponíveis somente os ingressos para a sessão que acontece no domingo (1º), às 14h30. Mais informações podem ser conferidas neste link.
‘O Carnaval é o resgate do sentido coletivo’
O repertório do ‘Percussão Circular: 10 anos’ é diverso e tem músicas autorias de compositores da capital mineira, como Luiz Gabriel Lopes, Michelle de Oliveira e Di Souza, além de clássicos da música popular brasileira, como ‘Toda Forma de Amor’, de Lulu Santos. “Vamos trazer canções que remetem os valores e as bandeiras que acreditamos. É a nossa visão política e de mundo aqui dentro do nosso movimento. Por isso, o principal foco foi criar arranjos que as coloquem na geografia da cultura popular”, conta o mestre de carnaval.
Ainda segundo Di Souza, o espetáculo vai explorar ritmos diversos como samba, forró, pagodão baiano, maracatu, samba reggae, o folguedo do boi do Maranhão e, claro, traços do carnaval de rua de BH. “Para a apresentação, levamos uma diversidade de instrumentos de percussão. O nosso intuito é passar pelas diferentes regiões do país e do que se entende como cultura popular. Então tem elementos do Norte, do Sul, Nordeste e Sudeste”, explica.
O fundador do projeto também destacou a importância da escola, já que acolhe uma demanda de formação de batuqueiros do carnaval. Em 2013, Di Souza já era regente do ‘Então, Brilha!’, e, segundo ele, a medida que o bloco foi se popularizando e chamando a atenção, as pessoas passaram a buscá-lo como uma referência de ensino musical.
“A escola acolheu e tem acolhido uma demanda de formação ao longo do ano, porque, às vezes, os blocos não têm uma estrutura física e condições de fornecer um ensino que se estende para o ano todo. A Percussão Circular foi feita com muito trabalho, suor e caminhando junto. Ao lado do carnaval, o projeto se tornou esse espaço diferente”, disse.
Para o maestro de Carnaval, a escola promove o resgate do sentido coletivo ao longo do ano, não se limitando apenas ao encontro durante a esperada festa de fevereiro. “O grande Luiz Antônio Simas nos ensinou que o carnaval é o resgate do sentido coletivo. É onde as pessoas se reencontram numa comunhão e renova o desejo pela vida e pelos projetos. E acredito que o Percussão Circular promove isso, por meio do exercício diário, nos encontros e eventos que fazemos”, conta.
‘Educação musical em massa’
Ao longo da década, a instituição já formou mais de 5 mil músicos de percussão, além de ter a sua metodologia de ensino reconhecida por três trabalhos acadêmicos e contar com uma equipe de 29 pessoas.
“Temos alunos que são radicados em BH e procuraram uma forma de se entrosar na cena cultural da capital. Tem estudantes que são da periferia, que, por meio do projeto, conseguiram se emancipar, ocupar outros espaços e fazer barulho na cidade, como foi o meu caso. Além disso, contamos com artistas que estão ascendendo em suas trajetórias artísticas e, claro, um recorte etário muito diverso”, explica Di Souza.
Para ensinar os alunos, a escola utiliza o conceito PIM (Prazer Imediato Motivador), em que os participantes têm a experiência de ter contato com o instrumento desde o primeiro encontro. Além disso, os materiais didáticos formais, como as partituras, são adaptados a uma linguagem acessível e trabalhadas como uma ferramenta complementar.
“Eu digo que a Percussão Circular é uma educação musical em massa. Nós temos uma forma de ensinar que é feita como se dá nos terreiros e em espaços desconectados com a cultura eurocêntrica. O nosso projeto é revolucionário. Entendemos como o fruto de todo um movimento de preposições, proporcionada pela BH anos 10”, conta.
Então, anota aí!
Espetáculo ‘Percussão Circular: 10 anos’
Data: 30 de novembro e 1º de dezembro
Local: Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537
Horário: sábado, às 20h | domingo, às 14h30 e às 19h
Ingressos: R$ 10 | Eventim