BH tem exposição inédita de 300 obras produzidas durante o Regime Militar brasileiro

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Exposição de obras produzidas durante o Regime Militar serão expostas em BH (Divulgação)

Belo Horizonte terá uma exposição inédita gratuita com mais de 300 obras brasileiras produzidas durante o Regime Militar. “Política e Vanguarda (1964/85) na coleção Lili e João Avelar” ficará disponível no Museu Inimá de Paula, a partir desta quarta-feira (17).

Considerada a maior coleção de arte pop e política do Brasil, o conjunto de obras será exposto pela primeira vez. A mostra tem o objetivo de apresentar a pluralidade dos artistas, revelar questões sociais, políticas e estéticas do período e evidenciar transformações de linguagens.

O curador da exposição e colecionador, João Avelar, reuniu trabalhos que convergem na tomada de posição frente aos dilemas éticos e sociais contemporâneos. O público poderá compreender os desdobramentos de questões que marcaram as artes visuais daquele período.

Obra de Paulo Bruscky ‘Lute Censurado’, de 1974 (Divulgação)

Obras de caráter ‘transgressivo e contestatório’

Ficarão disponíveis desenhos, fotografias, pinturas e esculturas para acesso do público até o dia 18 de agosto. Ganha destaque na mostra o mineiro Décio Noviello, com pinturas, desenhos, gravuras, fotografias e vídeos do artista.

“Com obras marcadas por um caráter transgressivo e contestatório, a seleção apresentada na exposição lança luz sobre a arte como ferramenta de transformação e reflexo do mundo”, afirmou o curador João Avelar.

A experiência de artistas que foram presos políticos durante o regime também é contemplada na exposição. Uma delas é o conjunto de 30 desenhos feitos por Carlos Zílio, em 1970/71, quando esteve preso no Rio de Janeiro, e dois desenhos de Sérgio Sister, feitos em um presídio em São Paulo.

Atmosfera de violência e sufocamento

Obras que transmitem a atmosfera de violência e sufocamento nesse período também estarão disponíveis, de artistas como Artur Barrio, Anna Bella Geiger, Antonio Manuel, Antônio Henrique Amaral, Cildo Meireles e Gabriel Borba Filho.

Outro tema presente no conjunto de obras são as disputas simbólicas que colovam em confronto o projeto nacionalista do regime militar. Nessa área destacam-se trabalhos de Carlos Vergara, Glauco Rodrigues, Luiz Alphonsus e Samuel Szpigel.

A mostra também abrange trabalhos dos artistas Antônio Dias, Rubens Gerchman, Carlos Vergara, Roberto Magalhães e Pedro Escosteguy, que couparam uma posição de destaque no Rio de Janeiro no grupo Nova Figuração.

Já em São Paulo, na mesma época, destacavam-se artistas no movimento concreto, como Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Maurício Nogueira Lima e Judith Lauand e, a partir de então, migraram para experiências figurativas.

Artistas fora do eixo Rio–São Paulo também estão presentes na exposição, como os mineiros Manfredo Souza Neto, Carlos Alberto Nemer e Lótus Lobo; os gaúchos Avatar Moraes, Glauco Rodrigues e Pedro Escosteguy; o pernambucano Paulo Bruscky, entre outros.

O feminino também é notável na coleção por meio das obras feitas por artistas mulheres. Wanda Pimentel, Letícia Parente, Anna Bella Geiger, Amélia Toledo, Claudia Andujar, Cybele Varela, Judith Lauand, Regina Vater e Regina Silveira são alguns dos nomes.

As questões retratadas pelas artistas nas obras disponíveis vão além dos papéis sociais da mulher e da representação do corpo feminino, e apresentam as Estratégias experimentais e conceituais adotadas pelas brasileiras no período do Regime Militar.

Anota aí:

Política e Vanguarda (1964/85) na coleção Lili e João Avelar
Data: 17 de abril a 18 de agosto
Horário: terça, quarta, sexta-feira e sábado, das 10h às 18h30 | quinta-feira, das 12h às 20h30 | domingos e feriados, das 10h às 16h30
Local: Museu Inimá de Paula | Rua da Bahia, 1201 – Centro
Entrada gratuita

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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