A possível flexibilização no comércio da capital mineira levou o CMSBH (Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte) a pedir ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) que a cidade permaneça da forma que está, somente com as atividades essenciais autorizadas a funcionar. A fila de espera por vaga em leito de CTI (Centro de Terapia Intensiva) é um dos motivos. O cenário também preocupa professores universitários, que querem uma medida ainda mais rígida: lockdown por 21 dias na cidade (veja abaixo).
O CMSBH argumentou que, apesar da queda nos indicadores, a situação segue dramática. “Esses números não revelam na prática o que está acontecendo nas unidades de saúde que estão atendendo pessoas com Covid e outras doenças que chegam a todo momento”, afirma.
Levantamento do conselho indica que, até ontem (14), 100 pessoas estavam à espera de um leito de CTI para tratar o novo coronavírus. “Dessas, pelo menos 42 estão nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de BH”, complementa o conselho.
“Os hospitais trabalham com capacidade plena, considerando que os leitos vagos [de CTI] precisam ser higienizados e preparados para receber o próximo paciente. As equipes de saúde trabalham no limite de suas forças físicas e emocionais”, alegam.
O conselho pede ao prefeito Kalil que “pense e repense na vida” antes de possivelmente autorizar a abertura do comércio na cidade. “Como reabrir a cidade agora sem leitos de UTI suficientes e com fila de espera para UTI?”, “Como reabrir a cidade se todos os especialistas médicos, cientistas preveem que abril pode ser pior do que foi março?”, são alguns questionamentos feitos.
‘Lockdown de verdade já’
O APUBH UFMG+ (Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco) também se mostrou contrário à reabertura do comércio na capital. A entidade fez um abaixo-assinado pedindo que Kalil decrete por 21 dias um lockdown “rígido e imediato” na capital mineira. “Apenas supermercados e farmácias deverão manter o funcionamento, com horários restritos”, defende o documento.
Os docentes sugerem ao Executivo municipal que “sejam realizados bloqueios de circulação não essencial, tanto no perímetro urbano, quanto em aeroportos e em estradas, com exigência de justificativa para deslocamentos (a exemplo do que foi implementado na Itália e Reino Unido) e fiscalização rigorosa”.
O lockdown é defendido “devido ao aumento sem precedentes no número de casos e de mortes por Covid e ao colapso do sistema de saúde, falta de medicamentos, de leitos, de respiradores, de oxigênio e ao esgotamento da capacidade dos serviços funerários”. O documento intitulado de “Basta! Lockdown de verdade já, por três semanas” foi entregue na prefeitura ontem.
Para amenizar os impactos na população, os idealizadores destacaram a necessidade de ser ofertado “auxílio e meios de subsídio emergencial de sobrevivências para as categorias vulneráveis” da capital mineira.
Vai abrir?
O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte voltou a se reunir com o prefeito Alexandre Kalil nessa quarta. No encontro, marcado para decidir os rumos do comércio na capital, o grupo avaliou elementos positivos e negativos do cenário atual da pandemia. A decisão, no entanto, não saiu – e pode levar até esta sexta-feira (16) para ser tomada.
Alguns dos motivos que podem ter causado impasse na decisão entre reabertura e manutenção do fechamento são a melhora nos indicadores da Covid-19 nos últimos dias e, em contrapartida, o risco iminente de falta de insumos e de profissionais de saúde na capital.
Dados do Boletim Epidemiológico e Assistencial de ontem indicam que BH tem 160.095 casos confirmados de Covid-19 e 3.763 mortes. Os indicadores utilizados para mensurar a pandemia na cidade estão da seguinte forma:
- Número médio de transmissão por infectado (RT) – 0,87 – nível verde
- Ocupação de leitos de UTI Covid – 84,8% – nível vermelho
- Ocupação de leitos de enfermaria Covid – 68,1% – nível amarelo
O informe pode ser lido clicando aqui.