A delegada Monah Zein, que se trancou em apartamento após denunciar abusos que estaria sofrendo dentro da Polícia Civil, teve a prisão decretada por tentativa de homicídio na noite desta quarta-feira (22) em Belo Horizonte.
De acordo com o órgão, a delegada disparou contra policiais que tentavam adentrar o prédio em que ela estava. O delegado responsável pediu a prisão preventiva de Zein e a internação da delegada em estabelecimento psiquiátrico.
Monah Zein está internada no CTI de um hospital em Belo Horizonte após os conflitos com forças policiais. Não foi revelada em qual unidade de saúde ela está hospitalizada.
Em live realizada nas redes sociais, a mulher relatou que foi atingida por disparo de arma de choque dentro da própria casa. Não foram divulgadas outras informações sobre o estado de saúde da delegada.
Em conversa com o BHAZ, a advogada de Monah Zein, Jucelia Braz, diz que não enxerga fundamentos para a prisão. “Ela estava dentro de casa e agiu em legítima defesa. Qualquer ser humano teria a mesma atitude se aparecessem policiais atacando na própria casa”, informou.
Para a defesa, a Polícia Civil agiu com truculência extrema diante da situação. A advogada ainda reitera que a delegada não oferece risco para si mesma ou para terceiros.
Delegada se trancou em apartamento por mais de 24h
A delegada Monah Zein, que permaneceu trancada no apartamento dela, por mais de 24 horas desceu do prédio e foi encaminhada para um hospital na tarde desta quarta-feira (22).
“É importante ressaltar que em momento nenhum invadiram o apartamento dela, a negociação foi no sentido de ela descer sozinha”, explica a defensora. Segundo Jucelia, Monah queria sair do apartamento por ela mesma, o que ocorreu no fim da tarde de ontem.
“Ela sofre de depressão, passou por um processo de assédio moral dentro da instituição, dentro da Polícia Civil, o que desencadeou a situação”, diz a advogada. De acordo com ela, Monah saiu na portaria por volta das 17h10.
Delegada faz live e denuncia abusos: ‘Não vou mais viver nesse inferno’
Durante uma transmissão ao vivo realizada na tarde de terça-feira (21), a delegada Monah Zein fez uma série de denúncias de abusos que estaria sofrendo dentro da Polícia Civil. A servidora está trancada no próprio apartamento, no bairro Ouro Preto, na Pampulha, há mais de 24 horas.
Na live, Monah afirma que policiais chegaram na porta da casa dela por volta das 9h da manhã de ontem depois que ela avisou que não iria mais trabalhar. A delegada disse ter decidido que “não vai mais viver nesse inferno”.
“Ontem, após novamente começarem atos humilhantes, ‘assediatórios’, bizarros, ‘adoecedores’ contra mim, que eu ia voltar a trabalhar hoje, decidi que cansei, decidi que não vou mais viver um ano desse inferno, decidi que chega”, diz ela.
A delegada disse que já teria apresentado provas dos abusos sofridos por ela para a corregedoria da Polícia Civil, mas que a corporação estaria “se lixando”.
“Os colegas veem a gente adoecendo e estão se lixando. E outra: em nenhum momento eu dei a entender que eu ia tirar minha vida. Dei a entender que não ia voltar para aquele purgatório”, declarou.
‘Não fiz ameaça a ninguém’
Na visão da delgada, a polícia estaria tentando fazer com que ela passasse como “louca” e “desequilibrada”. Os agentes da corporação afirmam, que, desde ontem, tentam pegar a arma da servidora.
“Eles não querem me ajudar, querem fazer um cenário onde estou louca, doida, armada, perigosa, não existe isso (…) quatro homens armados com escudos, armas, fazendo essa palhaçada no meu prédio pra vir aqui tirar minha arma. Eu não fiz nenhuma ameaça pra ninguém, só avisei que não volto pra lá”, disse.
Em determinado momento do vídeo, Monah aparece com a arma em punho conversando com um dos policiais na porta. Ela pede que a equipe deixe o local. “Isso é um cenário fictício para me colocar como uma pessoa desequilibrada”, afirma a delegada, que assume que disparou seis vezes na escada de incêndio para afastar os agentes.
