Duda Salabert conta desfecho de transfobia sofrida por ela em salão de BH

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Professora Duda Salabert explicou que decidiu não levar caso às autoridades (Reprodução/@dudasalabert/Instagram)

Vereadora mais votada de Belo Horizonte, a professora Duda Salabert (PDT) usou o Instagram, na noite de ontem (27), para falar sobre os desdobramentos da transfobia sofrida por ela em um salão de beleza da capital. A parlamentar foi ao estabelecimento que fica no Shopping Cidade, na segunda-feira (25), e pediu para que fizessem a sobrancelha dela. No entanto, teve atendimento recusado sob a justificativa de que o serviço era destinado ao público feminino.

Duda contou, por meio de uma postagem, que decidiu não levar o caso à esfera criminal por entender que, neste caso, “a melhor ferramenta a ser adotada” seria a educativa. “Depois de reflexões e conversas decidi não fazer a denúncia formal contra o salão cujas funcionárias recusaram fazer minha sobrancelha pelo fato de eu ser uma transexual. Conclui que, nesse caso, a melhor ferramenta a ser adotada não seria a penal mas sim a educativa”, escreveu a vereadora.

Na publicação, Duda Salabert ainda explica que fez contato com o Ministério Público de Minas Gerais, com os responsáveis pelo shopping e com a proprietária do salão. Segundo ela, o objetivo é transformar o episódio de transfobia em uma campanha educativa, a ser veiculada no centro de compras.

“Liguei para a proprietária da loja e pedi para que não demitisse as funcionárias que recusaram atender-me pelo fato de eu ser trans caso elas tivessem refletido e se arrependido do ocorrido. A proprietária disse-me que houve não apenas o arrependimento, mas também o pedido de desculpas e o comprometimento em ajudar na luta contra discriminação”, relatou.

‘Não estou diminuindo o peso da transfobia’

No texto, Duda Salabert afirma que a decisão dela não dimuiu o peso da transfobia. A vereadora explica que “recusar atendimento a uma pessoa trans pode se configurar como um crime inafiançável”. “Nesse país é negado às travestis não apenas o atendimento a uma loja, é negado a família (6% das travestis de BH foram expulsas de casa com menos de 13 anos), é negado o trabalho formal (90% das travestis estão na prostituição), é negado a educação (91% das travestis de BH não concluíram ensino médio) – números da UFMG. No Brasil nos é negado a velhice, já que a expectativa de vida de uma travesti não supera 35 anos”, lembrou ela.

Por fim, Duda agradeceu o carinho que recebeu de seguidores após o episódio de transfobia. “Agradeço as milhares de mensagens de carinho que recebi. Reforço que transfobia é crime. Reforço que nem sempre o melhor caminho é o penal. Reforço também que acredito no poder transformador do diálogo, da palavra e da educação – por isso me tornei professora de literatura”, finalizou a vereadora.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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