Jornalista agredido por bolsonaristas na Raja faz desabafo: ‘Não deve ser esquecido’

Jornalista agredido
Outros profissionais da imprensa também foram atacados (Reprodução/TV Globo)

O jornalista Pedro Nascimento se manifestou nas redes sociais após ter sido agredido por militantes bolsonaristas durante cobertura na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, nessa sexta-feira (6). Ele cobrou respeito aos profissionais da imprensa e disse considerar o caso uma agressão a toda classe jornalista.

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Pedro Nascimento contou sobre o ocorrido nas redes (Reprodução/Twitter)

O repórter do jornal O Tempo foi um dos profissionais da imprensa atacados durante o trabalho, enquanto a Guarda Municipal removia as barracas e os materiais dos manifestantes em frente ao Comando da 4º Região Militar do Exército.

Um cinegrafista teve o equipamento danificado por militantes e um repórter da TV Band Minas teve o celular furtado durante a confusão. A Polícia Civil diz ter instaurado inquérito policial para apurar os fatos.

‘Episódio que não deve ser esquecido’

Por meio do Twitter, Pedro Nascimento explicou que a agressão se deu no momento em que os manifestantes tentaram bloquear os caminhões que levavam os materiais coletados do acampamento.

Quando a Guarda Municipal se movimentou junto com os caminhões, o cinegrafista que acompanhava o repórter ficou para trás.

O cinegrafista foi cercado por pessoas que o xingavam e o impediam de registrar as imagens. O jornalista voltou para socorrer o colega, quando uma mulher enrolada em uma bandeira do Brasil derrubou o equipamento de outro profissional da imprensa, que também estava cercado pelos manifestantes.

“Nesse momento tentei impedir que ela fugisse, pois íamos registrar o caso junto às autoridades. Mas também fui cercado e agredido pelas costas, como as imagens deixam claro”, relata Pedro Nascimento.

O repórter afirma que já denunciou o caso e que as imagens produzidas pelos profissionais vão ajudar a identificar os envolvidos, descritos como pessoas que, “de forma covarde, atacam pelas costas e promovem a desordem”.

“Não entendo que essas agressões foram direcionadas somente a mim, mas a toda classe jornalista. É um episódio que NÃO deve ser esquecido. A imprensa é feita por gente batalhadora, que sai de casa pra ganhar o pão de cada dia como qualquer outro trabalhador, e merece respeito”, completa.

Pedro Nascimento ainda disse estar bem e agradeceu as manifestações dos colegas de profissão.

Agressão contra jornalistas

Na quinta-feira (5), um fotógrafo do jornal Hoje em Dia já havia sido agredido fisicamente pelos manifestantes na avenida Raja Gabaglia. Além dos “gatos” de energia elétrica no local, esta escalada de violência também motivou a operação da prefeitura ontem, segundo o prefeito Fuad Noman (PSD).

Em nota, a Polícia Civil informou ter instaurado um inquérito policial para apurar os fatos, e disse que a vítima foi ouvida ontem.

“Sobre os demais casos de violência contra jornalistas ocorridos hoje durante o desmonte do acampamento de manifestantes, a Polícia Civil esclarece que está atenta, porém, até o momento, não houve registro de boletim de ocorrência pelas vítimas”, informou a corporação.

Ao BHAZ, Alessandra Mello, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, lamentou o ocorrido e pede rigor na identificação dos envolvidos.

“O que a gente espera que aconteça é o que a gente sempre pede: que haja uma investigação. A impunidade é o combustível da violência, é ela quem alimenta essa escalada de violência contra a imprensa no Brasil inteiro”, disse ela.

Em nota, a a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) também repudiou as agressões sofridas pelos jornalistas que faziam a cobertura da ação de remoção do acampamento em frente ao exército.

“A ABERT condena toda manifestação que não seja pacífica e lembra que todo e qualquer ato de violência que tenha como objetivo impedir a cobertura jornalística de fatos de interesse público é uma violação à liberdade de imprensa e ao direito de informação do cidadão, garantias previstas na Constituição Brasileira”, disse a associação.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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