Kalil acusa ‘sabotagem’ no transporte público de BH e critica fechamento do comércio no Carnaval

Kalil
Declaração foi feita em entrevista concedida durante visita à Horta Comunitária Coqueiro Verde (Sofia Leão/BHAZ)

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) afirmou, nesta terça-feira (1°), que existe um “esquema de sabotagem” ao transporte público e à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). Ele ainda fez críticas à CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas), apontando supostas intenções políticas da entidade no fechamento do comércio da capital durante o Carnaval. A CDL/BH defendeu que o prefeito está “terceirizando a responsabilidade daquilo que ele não teve competência para resolver” (leia abaixo).

Em entrevista concedida durante visita à Horta Comunitária Coqueiro Verde, Kalil foi questionado sobre o descumprimento de quadro de horários por parte das empresas de ônibus de BH no Carnaval. Segundo determinação da BHTrans, o transporte coletivo deveria circular em horários normais de dia útil nessa segunda-feira (28) e na terça, o que não ocorreu.

“O transporte público está passando por um período de sabotagem clara. Eles estão querendo realmente que colapse o transporte público. Já é difícil fazer sem sabotagem, então agora existe um esquema de sabotar a prefeitura, mas não vão conseguir. Sabotar é muito fácil, construir é muito difícil”, disparou o prefeito.

Horários reduzidos

Ele ainda disse que as empresas de ônibus serão multadas pelo descumprimento, como informado pela BHTrans em nota, mas completou: “Eles não pagam. De que adianta eles serem multados se a população estar sendo sacrificada por sabotagem? Vai ser multado. E daí? E a multa vai aliviar esse povo sofrido que está pegando ônibus por uma desinformação que foi feita? Não”.

A BHTrans informou que os quatro consórcios que operam o sistema de transporte coletivo municipal foram notificados para que adequem a operação dos ônibus de BH para o quadro de horários de “dia útil atípico”.

“A notificação vai resultar na aplicação de multa regulamentar no que couber, além das sanções contratuais pertinentes e demais consequências legais que estão sendo estudadas”, diz nota do órgão (leia na íntegra abaixo).

Procurado pelo BHAZ, o Setra-BH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte) justificou a redução de horários afirmando que, nessa segunda-feira, 249 mil passageiros circularam pelo sistema de transporte público, sendo que, em um dia normal, a média chega a 900 mil.

“Num sábado normal, temos 394.000 passageiros, e num domingo, temos 170.000. Algumas linhas mais demandadas estão com viagens extras, principalmente dos MOVEs”, informou o sindicato.

Críticas à CDL

O prefeito ainda disse que a confusão nos horários de circulação dos ônibus foi provocada pelo fechamento do comércio no Carnaval, ao contrário de pedido feito anteriormente.

No final de janeiro, Kalil se reuniu com os presidentes do Sindilojas (Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte) e do SECBHRM (Sindicato dos Comerciários de BH e Região Metropolitana), que concordaram em abrir as portas nesta terça.

No entanto, em fevereiro, a CDL/BH divulgou nota esclarecendo que a convenção coletiva do setor seria seguida. Com isso, os empreendimentos podem abrir, mas a mão de obra dos empregados não pode ser utilizada (entenda aqui). A mudança de planos não agradou o prefeito.

‘Já devia ter fechado’

“Eu não impus nada, eu pedi um acordo e outro órgão, essa tal de CDL, que já devia ter fechado, foi lá e tumultuou tudo”, disse. Kalil ainda direcionou as críticas ao presidente da entidade, Marcelo Souza e Silva, afirmando que ele “nem loja tem, é político, gosta de política”.

“Estava acertado que a gente ia abrir tudo, nós chamamos, já tinha data de repor os dias, mas a sabotagem é agora explícita, então nós estamos sendo sabotados. Tentam atrapalhar a prefeitura, vivem enfiados em gabinete de oposição lá na Câmara Municipal em vez de cuidar do comércio”, disparou.

O prefeito ainda disse que outras entidades do setor, como a Fecomércio/MG (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais) e o Sindilojas, “realmente tem lojistas importantes, grandes, que querem se ajudar”.

“Estava tudo certo, conversado, sem decreto, com diálogo. Foram lá e avacalharam. Agora é o seguinte: vamos sabotar o comércio, vamos sabotar o transporte público, vamos sabotar isso, aquilo e vamos tentando sabotar a prefeitura. Já temos um governo que não ajuda nada, zero, e agora temos sabotadores de plantão”, finalizou Kalil.

O que diz a CDL?

Procurada pelo BHAZ, a CDL/BH afirmou que “desconhece as razões que levaram o prefeito a tentar terceirizar a sua responsabilidade daquilo que ele não teve competência para resolver: os graves problemas do transporte coletivo”.

“Afinal, todos sabem que a culpa da má gestão e também da fiscalização ineficiente do funcionamento do transporte coletivo na cidade é uma responsabilidade única e exclusiva da Prefeitura de Belo Horizonte”, disse a entidade, em nota (leia na íntegra abaixo).

Nota da BHTrans na íntegra

“Os quatro consórcios que operam o sistema de transporte coletivo municipal – Pampulha, Dez, BH Leste e Dom Pedro II – foram notificados para que imediatamente adequem a operação dos ônibus de Belo Horizonte para o quadro de horários do tipo Dia Útil Atípico.

A notificação vai resultar na aplicação de multa regulamentar no que couber, além das sanções contratuais pertinentes e demais consequências legais que estão sendo estudadas.

O transporte coletivo é um serviço público indispensável e sua prestação aquém do previsto pode ocasionar inegáveis prejuízos para a população. Em caso de descumprimento das notificações encaminhadas nesta segunda, poderão ser adotadas penalidades de sanções e multas contratuais e demais consequências legais aos quatro consórcios. As viagens não realizadas na segunda, 28/2 e nesta terça-feira, 01/3 estão sendo autuadas pela BHTRANS de acordo com o Regulamento do Transporte Coletivo.

Além das regras estabelecidas, decisão proferida pelo TJMG não concedeu medida liminar aos consórcios que pediam a suspensão da exigência da operação do transporte coletivo com o quadro de horários de Dia Útil Atípico”.

Nota da CDL/BH na íntegra

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) desconhece as razões que levaram o prefeito Alexandre Kalil a tentar terceirizar a sua responsabilidade daquilo que ele não teve competência para resolver: os graves problemas do transporte coletivo em nossa capital. Afinal, todos sabem que a culpa da má gestão e também da fiscalização ineficiente do funcionamento do transporte coletivo na cidade é uma responsabilidade única e exclusiva da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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