Motorista de app e suspeito de estuprar jovem após show em BH são indiciados

Jovem abandonada na rua
Suspeito carregou a vítima desacordada (Reprodução)

A Polícia Civil indiciou o homem suspeito de estuprar a jovem que foi abandonada na rua após um show, no dia 30 de julho, em Belo Horizonte. O motorista de aplicativo que a deixou na porta de casa também foi indiciado por abandono de incapaz.

De acordo com informações repassadas pelas delegadas Carolina Bechelany e Danúbia Quadros nesta quarta-feira (9), a Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso e à Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerância (DEMID) concluiu o inquérito e o remeteu à Justiça ontem (8).

O suspeito de estupro de vulnerável, de 47 anos, foi preso em flagrante ainda no dia do crime. Vídeos registrados por câmeras de segurança no bairro Santo André, região Noroeste de BH, mostram o homem carregando a vítima, de 22 anos, desacordada.

Dois dias depois, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e seguirá preso durante as investigações. O suspeito trabalha como pintor, é casado e tem dois filhos. Ele pode ser condenado a até 15 anos de prisão, e o motorista, seis meses a três anos de detenção.

Em entrevista coletiva, as delegadas também esclareceram a dinâmica do que ocorreu naquele dia.

Amigo e motociclista

O amigo da jovem, que a deixou no carro de aplicativo, e o motociclista que ajudou o motorista a retirar a vítima do carro não foram indiciados.

De acordo com a delegada Danúbia Quadros, não existe crime previsto no Código Penal que enquadre a conduta do amigo, e o motociclista não pode ser indiciado por abandono de incapaz porque a jovem não estava sob responsabilidade dele.

“Por mais inconsequentes e reprováveis que tenham sido as condutas de ambos, a Polícia Civil trabalha com fato criminoso”, explica.

Dinâmica do caso

De acordo com a Polícia Civil, a vítima de 22 anos foi ao evento Tardezinha, no Mineirão, com um colega de trabalho que estava lá com a família dele. Depois que os familiares foram embora, ele foi com a jovem a um bar na avenida Portugal.

Embriagada, a vítima percebeu que seu celular estava sem bateria e cadastrou o próprio cartão no aplicativo de transporte do amigo. Ele pediu um carro para ela e ajudou a jovem, ainda acordada, a entrar no veículo.

O motorista ainda relatou à polícia que pediu que o homem a acompanhasse, já que a passageira estava alcoolizada, mas ele afirmou que o irmão dela estaria esperado na porta do prédio. O amigo também compartilhou as informações da corrida com o irmão da vítima.

Ainda conforme o relato do condutor, ele chegou rapidamente ao destino, mas o irmão da vítima não estava no prédio. Ele tentou interfonar para diferentes apartamentos por volta das 3h14, o que foi confirmado por imagens de câmeras de segurança, mas não obteve sucesso.

O motorista, então, pediu ajuda a um motociclista que passava pela rua para retirar a jovem e deixá-la em frente ao prédio. O motociclista, que não mora em BH, também foi ouvido pela Polícia Civil durante as investigações.

O condutor deixou o local e, segundo ele, procurou farmácias na região para comprar um isotônico para a jovem, que foi abandonada na rua. Ele chegou a voltar ao endereço, mas como ela não estava mais no chão, ele imaginou que algum familiar tivesse buscado a vítima.

Em depoimento à polícia, ele também afirmou que fez uma nova corrida de aplciativo e o passageiro encontrou o celular da vítima no banco traseiro do carro. O aparelho foi entregue pelo motorista na delegacia.

Estupro

Conforme as imagens, cerca de 6 minutos após o motorista de aplicativo deixar o local com a jovem no chão, o suspeito de estupro apareceu. Ele mexeu nas coisas da vítima e, às 3h22, pegou a jovem no colo e a levou do local.

Alguns carros passaram na rua naquele momento, porém, ninguém interferiu na situação. Um outro vídeo mostra o suspeito andando na rua enquanto carregava a vítima por cima do ombro, às 3h37. O homem de 47 anos a levou para um campo nas redondezas.

A Polícia Civil acredita que o suspeito tenha passado cerca de 3 horas com a vítima, que seguiu desacordada e não se lembra de nada. Ela só retomou a consciência pela manhã, por volta das 7h, quando foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Ela recebeu atendimento no Hospital Odilon Behrens, onde recebeu tratamento contra doenças sexualmente transmissíveis após os exames confirmarem o estupro.

Ao ser ouvido pelas delegadas, o homem negou ter cometido o crime sexual e não respondeu a outros questionamentos, permanecendo em silêncio.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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