Resultado de exame que confirma ou descarta ômicron em paciente de BH deve sair na sexta-feira

Análise de amostra
Amostra está sendo analisada pela Fundação Ezequiel Dias (FOTO ILUSTRATIVA: Sumaia Villela/Agência Brasil)

O resultado que vai atestar se uma mulher internada com Covid-19 em BH está infectada com a variante ômicron ou não deve sair nesta sexta-feira (3). A amostra do exame da paciente, que passou pelo Congo, na África, está sendo analisada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).

A amostra chegou à fundação no final da tarde de ontem. De acordo com a instituição, o prazo padrão para sequenciamento é de sete dias, mas como se trata de amostra prioritária, o processo deve ser concluído até sexta.

Ainda segundo a Funed, as conclusões sobre o processo devem ser informadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Além da fundação, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) também analisa a amostra.

Relembre

Uma mulher que não se vacinou contra a Covid-19 está internada em BH com a doença, depois de passar pelo Congo, na África, continente que alertou o mundo sobre a variante ômicron. Agora, a prefeitura investiga se ela foi infectada pela nova cepa. A paciente, que não teve a identidade revelada, é africana, conforme informou o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, ao R7.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de BH, a mulher deixou o Congo no dia 17 de novembro, passou pela Turquia e desembarcou em São Paulo no dia 20. No mesmo dia, ela chegou na capital mineira.

A paciente começou a sentir os sintomas de Covid-19 no dia 22 de novembro e procurou atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do hospital Odilon Behrens nesse domingo (28). No local, a mulher informou que não se imunizou contra a doença.

A mulher ainda informou que fez um teste de detecção de Covid-19 antes de embarcar para o Brasil, ainda no Congo, tendo resultado negativo. Em BH, ela foi internada em leito de isolamento e será encaminhada para o hospital Eduardo de Menezes.

Ainda segundo a SMSA, a equipe do Odilon Behrens comunicou o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) sobre o caso e solicitou teste rápido, que teve resultado positivo. Em seguida, foi solicitada a realização de genotipagem do vírus, para detectar a variante.

UFMG monitora variante

Desde a semana passada, pesquisadores de laboratórios da UFMG e de outras unidades de pesquisa do país têm se reunido com o intuito de estabelecer as condições técnicas para se fazer o reconhecimento da variante ômicron em uma eventual disseminação entre a população brasileira.

“Já temos a capacidade de fazer esse reconhecimento, caso a variante surja no país”, afirma o professor Flávio Guimarães da Fonseca, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

Segundo ele, as informações relativas à amostra da mulher internada em BH ainda são inconclusivas, e análises de genotipagem continuam sendo feitas.

O monitoramento de novas variantes no país ocorre sobretudo no âmbito das redes de laboratórios de campanha e corona-ômica – que integram a Rede Vírus, iniciativa de agregação de laboratórios empreendida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Duas unidades da UFMG integram essa força-tarefa: o Laboratório de Biologia Integrativa, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, coordenado pelos professores Renato Santana e Renan Pedra, e o CTVacinas, do qual Flávio da Fonseca é um dos coordenadores. O Nupad também colabora no esforço conjunto.

“Todos esses laboratórios também fazem parte de um grande esforço estadual para a identificação e genotipagem de novas variantes no estado de Minas Gerais”, explica o pesquisador.

Segundo ele, essa iniciativa se dá em uma colaboração “muito próxima” dos laboratórios da Universidade com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) e com a Fundação Ezequiel Dias.

O pesquisador do CTVacinas conta como vem sendo feito o processo de genotipagem no estado: “temos dividido o trabalho entre os laboratórios, que usam diferentes técnicas. Usamos três estratégias diferentes para fazer a detecção das variantes, que, juntas, conseguem gerar um percentual de identificação muito preciso e, ao mesmo tempo, rápido”.

Identificação na Holanda

Dois pacientes que fizeram testes de Covid-19 nos dias 19 e 23 de novembro, na Holanda, já estavam infectados com a variante ômicron do coronavírus. As datas apontam que a nova variante já estava na Europa antes de um voo da África do Sul chegar à Holanda e antes do país africano anunciar a detecção da cepa à OMS (Organização Mundial de Saúde).

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (30) pelo Instituto Nacional de Saúde Pública da Holanda (RIVM), que confirmou que a variante foi detectada nas duas amostras após análise feita ontem (29).

No dia 26 de novembro, 624 pessoas que retornaram da África do Sul à Holanda fizeram testes de Covid-19. Dentre elas, 61 testaram positivo para a doença e a variante ômicron foi detectada em 14 viajantes. A nova cepa havia sido detectada na África do Sul no dia 22 de novembro.

Ainda segundo o RIMV, não está claro se as pessoas infectadas com a ômicron que fizeram testes nos dias 19 e 23 passaram pela África antes da detecção da doença.

Ômicron

A variante ômicron do novo coronavírus representa um risco muito elevado para o planeta, advertiu a OMS em documento técnico.

A organização destacou que pesquisadores em todo o mundo estão conduzindo estudos para entender melhor os muitos aspectos da ômicron que continuam desconhecidos. Ainda há dúvidas, por exemplo, sobre o grau de transmissibilidade e gravidade da doença.

Como anunciado pela OMS na última sexta-feira (26), a ômicron é uma variante com um grande número de mutações.

Dadas as mutações que poderiam conferir de escapar de uma resposta imune e dar-lhe possivelmente uma vantagem de transmissibilidade, a probabilidade de disseminação potencial do ômicron em nível global é alta.

“Dependendo dessas características, pode haver surtos futuros de Covid-19, que podem ter consequências graves, dependendo de uma série de fatores, incluindo onde os surtos podem ocorrer.

O risco global geral relacionado ao novo VOC ômicron é avaliado como muito alto”, afirmou a organização no documento.

As principais incertezas são: quão transmissível é a variante; quão bem as vacinas já existentes contra a Covid-19 protegem contra a infecção, doença clínica de diferentes graus de gravidade e morte; e se a variante apresenta um perfil de gravidade diferente.

O que se sabe?

A OMS compartilhou o conhecimento atual sobre a ômicron. Segundo a organização, outras descobertas serão disponibilizadas assim que mais estudos estiverem disponíveis.

Qual o nível de contágio?

Ainda não está claro se a ômicron é mais transmissível (por exemplo, se ela é mais facilmente transmitida de pessoa para pessoa) em comparação com outras variantes, incluindo a delta.

O número de pessoas com teste positivo aumentou em áreas da África do Sul afetadas por esta variante, mas estudos epidemiológicos ainda estão em andamento para entender se é por causa da ômicron ou outros fatores.

A ômicron causa sintomas mais graves?

Ainda não está claro se a infecção com ômicron causa sintomas mais graves em comparação com infecções com outras variantes, incluindo a delta.

Dados preliminares sugerem que há taxas crescentes de hospitalização na África do Sul, mas isso pode ser devido ao aumento do número geral de pessoas que estão se infectando, e não devido a uma infecção específica com ômicron.

Atualmente, não há informações que sugerem que os sintomas associados a ômicron sejam diferentes daqueles de outras variantes. As infecções relatadas inicialmente foram entre estudantes universitários – indivíduos mais jovens que tendem a ter uma doença mais branda – mas compreender o nível de gravidade da variante ômicron levará dias a várias semanas.

Todas as variantes de Covid-19, incluindo a variante delta, que é dominante em todo o mundo, podem causar doenças graves ou morte, em particular para as pessoas mais vulneráveis ​​e, portanto, a prevenção é sempre fundamental.

Qual a eficácia das vacinas contra a ômicron?

A OMS está trabalhando com parceiros técnicos para entender o impacto potencial dessa variante em nossas proteções existentes, incluindo vacinas.

As vacinas continuam sendo críticas para reduzir doenças graves e morte, inclusive contra a variante circulante dominante, a delta. As vacinas atuais permanecem eficazes contra doenças graves e morte.

Qual a eficácia dos testes de Covid atuais?

Os testes de PCR, amplamente utilizados, ​​continuam a detectar a infecção do novo coronavírus, incluindo a infecção com ômicron, como também vimos com outras variantes.

Estudos estão em andamento para determinar se há algum impacto em outros tipos de testes, incluindo testes de detecção rápida de antígenos.

Com UFMG

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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