O shopping Oiapoque, no Centro de Belo Horizonte, foi interditado nesta quinta-feira (18) depois de descumprir medidas de restrição determinadas por decreto municipal para combater o avanço da Covid-19. De acordo com a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), lojistas estavam permitindo a entrada de clientes no local, apesar de a venda de produtos nos shoppings ser autorizada apenas na modalidade “drive-thru”. Em conversa com o BHAZ, o proprietário do Oiapoque, no entanto, disse ter considerado a operação “um pouco radical”.
Vídeos e imagens que circulam no WhatsApp mostram que o estabelecimento estava funcionando em descumprimento às regras: no interior do shopping, clientes aparecem circulando e sendo atendidos pelos donos das lojas. Os estacionamentos estavam cheios de carros, com funcionários trabalhando no local. Algumas das pessoas presentes, inclusive, aparecem usando a máscara de proteção de forma inadequada, sem que ela cubra a boca ou o nariz.
Os fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental da PBH, com apoio da Guarda Municipal, interditaram o local nesta tarde. Não foi informado pela administração municipal detalhes a respeito da operação, como aplicação de multas ou a quantidade de lojas que estava funcionando no momento.
‘Radical’
O empresário Mário Valadares de Resende Costa disse ao BHAZ, na tarde de hoje, ter considerado a operação da PBH “um pouco radical”. Segundo o proprietário do Oiapoque, o estabelecimento funcionava em regime de “drive-thru”. “Nós temos 700 lojas no Oiapoque, mas cerca de 100 estavam funcionando por conta de televendas e tele-entregras, cerca de um quinto”, explicou.
Mário diz, em relação à circulação de pessoas dentro do Oiapoque, conforme mostram os vídeos, que apenas lojas de óticas recebiam pessoas – levando em conta as medidas de segurança contra o novo coronavírus. Para o empresário, o que levou o shopping a ser interditado teria sido a aglomeração provocada por aqueles que foram ao local apenas para buscar mercadorias. “Isso é fácil de corrigir, agora é pedir a desinterdição do shopping e fazer um controle maior”, disse.
O proprietário do Oiapoque diz se preocupar com os trabalhadores que dependem do espaço para garantir renda. “Cerca de 3 mil pessoas que não têm mais o auxílio emergencial e vão estar aí, sei lá, vamos ver o que vai acontecer. Agora não teremos nem vendas online, já que os lojistas não têm acesso às lojas”, completou.
Restrições
O funcionamento do Oiapoque nessas circunstâncias vai contra as determinações de suspensão das atividades comerciais para a contenção da Covid-19 em BH. No dia 5 de março, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) anunciou a volta da cidade à “estaca zero”, o que inclui a proibição do funcionamento de centros comerciais. Já na última sexta-feira (12), o mandatário endureceu ainda mais as restrições na capital mineira, por causa da alta dos casos da doença e da ocupação dos leitos em BH.
Como se não bastasse, nessa terça-feira (16), o governador Romeu Zema (Novo) anunciou colapso no sistema de saúde em Minas e reforçou que todas as regiões do estado estariam na onda roxa – a com medidas mais extremas – a partir da quarta (17). Ou seja, além do decreto da PBH, ainda valem as restrições do governo estadual, que prevê medidas como a proibição de circulação de pessoas que não se deslocam para atividades essenciais; o toque de recolher das 20h às 5h; a proibição de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não moram juntas; entre outras.
Covid-19 em BH
A situação da Covid-19 em Belo Horizonte continua preocupante: nesta quinta-feira, a PBH abriu 18 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao tratamento da doença no SUS (Sistema Único de Saúde). Os novos leitos levaram a ocupação de UTI do SUs de 91,1%, para 85,4%. Já a ocupação dos leitos particulares subiu de 102,8% para 109,5%, deixando a ocupação total de leitos para Covid-19 na capital mineira no mesmo nível de ontem: 96,96%.
De acordo com boletim epidemiológico divulgado hoje, os leitos de enfermaria atingiram 80,3% de ocupação, e o número médio de transmissão por infectado (Rt) está em 1,23. BH já registrou 127.136 casos confirmados de Covid-19 e 2.980 óbitos em decorrência da doença. Além disso, 6.769 casos estão em acompanhamento e 117.387 pacientes se recuperaram da infecção pelo novo coronavírus na capital mineira.