‘Fecho o olho e vem a cara das crianças de desespero’, diz tutora de golden retriever morto por policial

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O animal foi morto a tiros no último sábado (9) na Praia do Morro, em Guarapari (Arquivo pessoal)

A empresária Iasmin Peçanha de 32 anos está há três dias sem dormir pensando na morte do golden retriever Churros, cachorro de estimação dela. O animal foi morto a tiros no último sábado (9) na Praia do Morro, em Guarapari, por um policial aposentado de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Em conversa com o BHAZ nesta terça-feira (12), Iasmin relembrou o que aconteceu e diz esperar que a justiça seja feita. Ela passeava com o marido, os irmãos de 9 e 12 anos, além da filha de um ano no momento em que o cachorro foi morto.

“Como eu estava responsável pelos meus irmãos na hora, fiquei com um certo sentimento de culpa. Vai fazer três dias que eu não consigo dormir direito, porque eu fecho o olho e vem na minha mente a cara deles de desespero pedindo para o cara não atirar”, diz ela, emocionada.

‘Em estado de choque’

Iasmin explica que Churros é filhote do cachorro que ela deu para o pai e os meus irmãos. Naquele dia, a família havia se reunido para o aniversário da madrasta de Iasmin, quando ela decidiu sair com as crianças e o marido para levar o cachorro para passear e fazer as necessidades.

Segundo a empresária, não havia ninguém na rua, até que o policial apareceu. Ela disse que o Churros se aproximou dele na intenção de brincar, mas que o homem logo disse que iria matar o animal.

“Estávamos todos próximos do cara, as crianças pedindo pelo amor de Deus para ele não fazer isso, e ele simplesmente abriu a pochete, pegou a arma dele e atirou no cachorro na frente das crianças. Meu irmão de 9 anos estava do lado na hora, ele foi embora correndo e chorando. Minha irmã de 12 anos ficou em estado de choque com a minha bebê no carrinho”, relembra.

Cachorro não resistiu aos ferimentos

Ainda de acordo com a empresária, o homem teria ficado por alguns segundos com a arma em punhos na intenção de intimidá-los. Ela então foi embora com os irmãos e chamou o pai para que ele levasse o cachorro ao veterinário.

“Ele perdeu muito sangue, quando chegamos na garagem se formou uma poça. Meu irmão começou a chorar, estava se batendo no chão da cozinha, sem acreditar. Tentamos conter o sangue, e meu pai levou ele na clínica”, explica.

Enquanto isso, o marido de Iasmin descobriu onde o autor dos disparos morava e acionou a polícia. Após a chegada dos militares, o homem desceu e confessou o crime. Ele chegou a ser preso em flagrante por maus tratos, mas foi liberado após a audiência de custódia.

O homem não precisou pagar fiança, mas deve cumprir algumas medidas cautelares, como não deixar a Grande Vitória sem prévia autorização, não usar qualquer arma de fogo e não frequentar bares, boates, prostíbulos e locais similares.

O tiro acertou o intestino de Churros, que chegou a passar por uma cirurgia, mas que não resistiu aos ferimentos. A tutora do golden também chegou a ser autuada por “não guardar com a devida cautela animal perigoso”, mas foi liberada após assinar um termo circunstanciado.

Mobilização

Em nota enviada ao BHAZ, a Polícia Civil do Espírito Santo disse que “o procedimento foi lavrado pela Central de Teleflagrante e relatado ao Ministério Público Estadual (MPES), para prosseguimento com possível denúncia e início da ação penal”.

Após o ocorrido, a família tem se mobilizado nas redes sociais em busca de justiça. Iasmin e o acusado participarão, nesta quarta-feira (13), de uma oitiva pela CPI de maus-tratos a animais, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

“Ele [o Churros] tem essa mania de latir, o latido dele é grosso, mas nunca atacou ninguém. Ele ia buscar todos os dias as crianças na escola, minha filha de um ano montava em cima dele. O Churros era muito querido e está fazendo muita falta”, lamentou Iasmin.

Cachorro era muito amado pela família (Arquivo pessoal)

Arreda pra Cá

Nesta semana, o podcast do BHAZ desvenda tudo sobre um dos rolês queridinhos dos belo-horizontinos: o Mercado Novo. Quem passa pelo nosso sofá é Rafael Quick, primeiro empreendedor a ocupar o agora disputado segundo andar do mercado e precursor do movimento que mudou radicalmente os ares do espaço no baixo Centro de BH e a cena cultural da capital mineira.

Completando cinco anos da reocupação do Mercado Novo, Quick contou tudo sobre como foi chegar ao espaço, como os primeiros empreendedores deste novo movimento se esforçaram para não “expulsar” quem já trabalhava ali e até quem eles não queriam que ocupasse os corredores do Mercado Novo.

O papo também passou pela Cervejaria Viela, pelo Juramento 202, pelo Forno da Saudade e pela mais recente Casa Alvorada, espaços que atraem milhares de pessoas e que, além da proposta similar, têm outra coisa em comum: são todos empreendimentos de Rafael Quick. O episódio completo do Arreda pra Cá vai ao ar nesta terça-feira (12), às 17h

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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