O Grupo Judeus e Judias pela Democracia São Paulo pediu ao MP-SP (Ministério Público Estadual e Federal) e à Procuradoria Geral de São Paulo a abertura de uma investigação sobre as declarações do podcaster Monark, que fez apologia ao nazismo e antissemitismo nessa segunda-feira (7) em um podcast. As informações são da Folha de S. Paulo.
Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil, fato que repercutiu na internet. Em conversa com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), no Flow Podcast, Monark afirmou que “a esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical” e argumentou que os dois lados deveriam ter espaço na política brasileira.
“Se o cara quer ser antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”, disparou Monark durante o programa. Na representação ao MP-SP, o grupo de origem judaica pede a detenção de Monark “por apresentar e incentivar comportamentos de violência e de ódio incompatíveis com a pluralidade de um Estado democrático de Direito, além de colocar a vida de minorias em risco”.
Além disso, o movimento Judeus pela Democracia declara: “Entendemos que a vida de judeus e outras populações perseguidas pelo nazismo, como negros, LGBTQIA+, Romani e dissidentes políticos, encontram-se hoje mais vulneráveis e ameaçadas no Brasil após as falas de Monark”.
“Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil”
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) February 8, 2022
“Se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser Anti-judeu”
Eu tinha achado que ele tinha superado todos os limites no último papo de racismo, mas ele conseguiu se superar de um jeito… pic.twitter.com/h9Tf7g8TYg
‘Eu estava muito bêbado’, diz Monark
Os comentários do apresentador foram prontamente condenados pelos internautas e Monark foi desligado do programa, apesar de ser um sócio. Além disso, o episódio rendeu a suspensão de diversos patrocínios e a divulgação de notas de repúdio sobre o comportamento preconceituoso.
Sob argumento de defesa da liberdade de expressão, Monark foi alvo de críticas de diversas entidades judaicas, como a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo.
Depois de ser duramente criticado na internet, o apresentador veio a público pedir perdão: “Eu errei, a verdade é essa. Eu estava muito bêbado. Eu fui defender uma ideia, que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA, por exemplo. Mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro. Eu estava bêbado”, afirmou.
— ♔ Monark (@monark) February 8, 2022
‘Sentimos na pele’
No Twitter, a página Judeus pela Democracia, que denunciou o podcaster, publicou uma série de imagens e declarações. “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, publicou.
Em outro post, o grupo reforçou que Kim Kataguiri já protagonizou declarações problemáticas sobre o nazismo. “Precisamos lembrar que Kim também defendeu abertamente a descriminalização do partido e ideologias nazistas. Isso é colocar em risco a existência de judeus e todas as minorias que ideologias supremacistas perseguem. Não se combate um monstro cultivando e alimentando o monstro”.
“Aos não-judeus que nos seguem: quando judeus dizem que o antissemitismo está crescendo, na esquerda ou direita, acreditem em nós, porque sentimos na pele”, alertou a página.
Já foi tarde.
— Judeus pela Democracia – Oficial (@jpdoficial1) February 8, 2022
Não foi a primeira vez que o apresentador defendeu discurso de ódio em nome de uma suposta liberdade de expressão.
Esperamos que o Flow tenha aprendido a lição e que repita a atitude quantas vezes for necessário, seja o crime contra o grupo for. pic.twitter.com/2UjL0BhQ4i