Uma menina de 11 foi vítima de um segundo estupro na zona rural de Teresina, no Piauí, um ano após dar à luz um filho fruto da mesma violência. À época, um primo da garota a abusou, e ela teve o aborto negado. Desta vez, a criança foi vítima de um tio, e os exames constataram que ela está grávida de 3 meses.
Em janeiro do ano passado, um primo de 25 anos da menina a estuprou em um matagal. Ela prosseguiu com a gestação e deu à luz em setembro do ano passado. A mãe não havia autorizado o aborto, pois segundo ela, o médico apontou risco de morte da garota durante o procedimento.
Segundo a Folha de S. Paulo, a criança passou por um exame do Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência, na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, na sexta-feira (9). O resultado constatou a gravidez de três meses.
‘Já vive um trauma da primeira gravidez’
A vítima passou a morar em um abrigo de Teresina, há cerca de um mês, onde os educadores desconfiaram de que ela estaria grávida pela segunda vez. A conselheira tutelar Renata Bezerra contou à Folha de S. Paulo que a menina “estava sem menstruar, arredia e com comportamentos suspeitos”.
De acordo com a conselheira, o pai quis que a garotinha fizesse o aborto legal, mas a mãe não autorizou. Dessa forma, a criança não teve a gravidez interrompida quando passou pela maternidade. “A menina já vive um trauma da primeira gravidez, não tem condições de cuidar de mais uma criança”, aponta Renata.
A conselheira tutelar também aponta que a menina está sem dormir e perdendo a infância. A mãe da vítima disse à Folha de S. Paulo que soube há uma semana que um tio da filha a violentou sexualmente. “Fiquei sem chão quando soube, indignada”, declarou a mulher.
“Ela estava morando com o pai, na casa da avó, e o tio que a estuprou estava dormindo no mesmo quarto que ela”. A mãe da menina também afirmou que não deu autorização para a interrupção da gestação porque “aborto é crime”, segundo ela.
Estupro é investigado
Renata Bezerra, a conselheira tutelar, disse que o primeiro filho da garotinha está sob os cuidados do avô. Conforme dito pela profissional, ele solicitou uma cesta básica para poder alimentar o bebê, pois está desempregado e mora com mais cinco pessoas.
O estupro contra a menina de 11 anos está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. De acordo com familiares, o suspeito continua solto.
Menina abandona escola
À época da primeira violência sexual que sofreu, a menina também decidiu por não realizar o aborto. Ela estava com dois meses de gestação quando o estupro foi descoberto. Pouco tempo depois, o primo que a abusou acabou sendo assassinado, por motivos que a família diz desconhecer.
Após o nascimento do filho, a garota abandonou a escola, se nega a receber tratamento psicológico e vive em conflito com os pais. No Brasil, aborto em casos de estupro e risco de morte para a gestante são autorizados, e a Justiça pode estender o aval para casos de anencefalia (má formação) do feto.