O empresário Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, foi condenado a pagar R$ 30 milhões por aliciar adolescentes e mulheres. O herdeiro fazia falsas promessas de trabalho, explorava sexualmente as vítimas e as mantinha em condição análoga à escravidão.
A decisão atende a um pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). A investigação apontou que Klein abordava mulheres de 16 a 21 anos, em situação de vulnerabilidade social e econômica, dizendo que elas trabalhariam como modelos.
Com isso, o empresário as levava para um sítio, onde ocorria o esquema de exploração. Ainda segundo o órgão, o réu as obrigava a manter relações com ele por dias, sob violência psicológica e vigilância armada.
Além de toda a exploração sexual, de trabalho e psicológica, Saul Klein ainda transmitiu ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) às adolescentes e jovens. Uma ginegologista que as atendia durante a estadia no local confirmou o fato.
A ONG Justiceiras, além de notícias na mídia, denunciaram os crimes ao MPT. Desse modo, na sentença, a Justiça reconheceu que o condenado mantinha várias mulheres em situação análoga à escravidão, contratadas para trabalhos sexuais com ele.
O esquema criminoso “feriu aspectos íntimos da dignidade da pessoa humana, , causou transtornos irreparáveis nas vítimas e mudou definitivamente o curso da vida de cada uma delas, e que o empresário se valia de uma grande estrutura para a prática dos ilícitos, detentor de grande influência e poder econômico, o que leva a crer que pode vir a praticar novamente tais atos”, diz o texto.
Dano moral coletivo
O filho do fundador da Casas Bahia deverá pagar R$ 30 milhões por dano moral coletivo. A cada vez que descumprir a ordem, estará sujeito a pagar R$ 100 mil, sendo que o valor pode aumentar a qualquer momento dependendo da gravidade.
O MPT ainda determinou que o Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo e o Ministério Público Estadual apurem se os médicos que atenderam as vítimas cometeram infração ética ou legal. Além disso, se houve infração à lei referente à saúde pública.
Três instituições sem fins lucrativos vão receber o valor da indenização. O processo corre em segredo de justiça.
O BHAZ tenta contato com a defesa do empresário.
Quem é Saul Klein?
Saul Klein é filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, que morreu e 2014. Ele disputa a herança do pai na Justiça com o irmão mais velho, Michel Klein. Em 2010, Saul vendeu a parte da sociedade da empresa ao irmão, pelo valor estimado de R$ 1,5 bilhão, e desde então se afastou dos negócios do varejo.
Quando as investigações começaram, a defesa de Klein à época informou que o empresário atuava como “sugar daddy”, termo atribuído a homens ricos que sustentam mulheres financeiramente em troca de atos sexuais ou somente de companhia e carinho (veja aqui).
“O sr. Saul Klein vem sendo vítima de um grupo organizado que se uniu com o único objetivo de enriquecer ilicitamente às custas dele, através da realização de ameaças e da apresentação de acusações falsas em âmbito judicial, policial e midiático”, afirmou André Boiani.
A Polícia Civil de São Paulo indiciou o empresário em abril do ano passado, após uma investigação que durou mais de 15 meses.