Grêmio é acionado no STJD por homofobia da torcida em jogo contra o Cruzeiro em BH

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Torcida do Cruzeiro pediu punição ao Grêmio por cânticos homofóbicos da torcida (Reprodução/Redes sociais + Staff Images/Cruzeiro)

Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ denunciou o Grêmio pelos cânticos homofóbicos entoados no último domingo (8) pela torcida gremista no Independência, na última partida da Série B – vencida pelo Cruzeiro por 1 a 0. De forma pejorativa, os tricolores entoaram gritos de “Maria joga vôlei” no estádio, poucas horas após a conquista do heptacampeonato da Superliga Masculina de Vôlei pelo Sada Cruzeiro.

Diante do registro da homofobia, os cruzeirenses repercutiram o vídeo nas redes sociais e também pediram uma possível punição ao clube gremista. Ao BHAZ, o Cruzeiro informou que a possibilidade de denúncia feita pelo clube é estudada pelo departamento jurídico. O Grêmio não retornou o contato da reportagem.

Coletivo denuncia

O Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ protocolou uma denúncia contra o Grêmio. “Podemos ouvir a torcida gremista gritando ‘Maria joga vôlei’, e nessas poucas palavras, há uma clara manifestação de que futebol não é para mulheres, vôlei é um esporte feminino e que o time masculino do Cruzeiro deveria estar jogando esse jogo feminino”, explicou o coletivo.

“Solicitamos também a apuração da omissão da arbitragem em não relatar em súmula os ocorridos”, informou o CEO do Coletivo, o ativista e torcedor cruzeirense Yuri Senna. Confira abaixo:

O que dizem Grêmio e Cruzeiro

O BHAZ entrou em contato com o Grêmio para pedir um pronunciamento do clube sobre os cantos homofóbicos da torcida. Assim que for enviada uma resposta, a matéria será atualizada.

Em resposta ao contato do BHAZ, a assessoria do Cruzeiro informou que o assunto é tratado pelo jurídico do time e que uma definição deve ser divulgada em breve.

STJD pode punir

Em 2019, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) divulgou um ofício direcionado aos clubes brasileiros para avisar que as agremiações serão punidas por atos preconceituosos dentro dos estádios. As sanções podem chegar até mesmo à perda de pontos.

Para cumprir a determinação, o ofício do STJD também foi direcionado aos árbitros, que devem relatar qualquer tipo de manifestação preconceituosa nas súmulas das partidas. “Que a partir desta data os árbitros, auxiliares e delegados das partidas relatem na súmula e/ou documentos oficiais dos jogos a ocorrência de manifestações preconceituosas e de injúria em decorrência de opção sexual por torcedores ou partícipes das competições”, diz trecho do documento assinado pelo então procurador-geral do órgão, Felipe Bevilacqua.

Flávio Rodrigues, o árbitro da partida entre Cruzeiro e Grêmio, não registrou os gritos homofóbicos das torcidas. Na súmula, ele informou o arremesso de copos de cerveja dentro do campo de jogo, vindos da arquibancada cruzeirense.

Repercussão

Nas redes sociais, a torcida do Cruzeiro reconheceu e repudiou a homofobia proferida pela própria torcida, mas também cobrou punição ao Grêmio pelo ato preconceituoso dos torcedores tricolores. “Já que a norma vale para todos, está na hora de exigir nosso direito”, escreveu uma torcedora. “Será que o Grêmio também comunicou a CBF sobre estes cânticos?”, questionou outro. Leia alguns comentários:

Gritos da torcida do Cruzeiro

A torcida do Cruzeiro também entoou cantos homofóbicos no último jogo. Por meio de redes sociais, o clube celeste condenou o ato do público. “Arerê, gaúcho dá o c* e fala tchê”, foi um dos cantos mais ouvidos durante a partida. O jogo foi válido pela 6ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. O canto foi ecoado por volta dos 30 min do primeiro tempo e dos 13 min da segunda etapa.

Ontem (9), o Grêmio comunicou que fez o envio de uma Notícia de Infração Disciplinar à Procuradoria de Justiça Desportiva do STJD, pedindo uma punição ao time mineiro. Segundo o órgão, a Notícia “será analisada pela Procuradoria que, após a análise dos documentos, pode oferecer denúncia ou arquivar o caso”.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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