Apesar de ter causado um susto em quem presenciou o momento, a queda de um meteoro em Minas Gerais pode se tornar uma coisa boa para quem vive próximo ao local do fenômeno. É possível que alguns pedaços do corpo celeste possam ser encontrados na região. Quem encontrar algum desses fragmentos pode conseguir uma recompensa em dinheiro, além de contribuir com o avanço da ciência no país.
Segundo o diretor técnico da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros), Marcelo Zurita, os fragmentos são como pedras incomuns, com formato irregular e uma crosta escura, que parece ter sido queimada. “Vai depender muito do fragmento encontrado, mas pode ser um belo presente dos céus”, comenta.
Zurita explica que após encontrada, imagens da amostra podem ser avaliadas por especialistas, como os da Bramon. Caso confirmem que se trata de um fragmento do meteoro, o objeto é enviado para o Museu Nacional, que centraliza esse tipo de análise no país.
Por onde o meteoro passou
De acordo com as análises preliminares da Bramon, o objeto teria iniciado a fase luminosa a cerca de 64 km de altitude, entre Araxá e Uberaba. Com luminosidade elevada, o astro seguiu na direção nordeste a uma velocidade de 15,36 km/s. Segundo Zurita, essa ainda é uma velocidade lenta para meteoros, que costumam variar entre 11 e 74 km/s.
O astro teria seguido nessa direção até explodir a 30 km de altitude, próximo ao município de Tiros, na região do Triângulo mineiro. Com essa distância do solo, Zurita acredita que a luminosidade causada pela fragmentação do meteoro poderia ser vista por toda Minas Gerais. Isso só não ocorreu por conta do tempo nublado na maior parte dos municípios.
A explosão
Por volta das 3h20, um clarão no céu seguido de um forte barulho assustou quem estava acordado ou mesmo acordou quem dormia. A luz muito brilhante foi vista em diversas cidades mineiras – há o registro de flagrantes nos municípios de Patos de Minas, Lagoa da Prata, Divinópolis, Oliveira, dentre outras das regiões do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.
“Veio o clarão de uma vez e, na sequência, um barulho muito forte. As janelas e o portão aqui de casa tremeram. Depois o barulho continuou, mas mais baixo. Parecia que algo tinha caído”, relata ao BHAZ o estudante Dener Carneiro, morador do Carmo do Paranaíba, cidade com 30 mil habitantes na região do Alto do Paranaíba.
Zurita explica que a luminosidade, seguida do estrondo, é o momento da fragmentação do meteoro, por contato com as camadas mais densas da atmosfera, que oferecem uma resistência muito grande. “O barulho que vem depois, que se assemelha ao zumbido de um besouro, são os fragmentos caindo no solo. Ao fim, é possível escutar o barulho de impacto, um barulho seco”, detalha.
Segundo ele, relatos semelhantes a esse foram dados em quedas de meteoros anteriores, onde foi possível resgatar meteoritos.
Apesar da intensidade da explosão, o especialista explica que a queda do astro não apresentou risco para a população. Mesmo sem as análises conclusivas da massa do meteoro, Zurita acredita que o objeto tinha aproximadamente 1 metro de diâmetro. “O único risco mínimo seria um fragmento atingir diretamente uma pessoa ou um carro”, ressalta.
