‘Legado para a ciência brasileira’: Vacinas da UFMG são finalistas de prêmio internacional

Vacinas desenvolvidas na UFMG
Calixcoca e SpiN-TEC podem ganhar 500 mil euros (Faculdade de Medicina da UFMG + CTVacinas/UFMG)

Duas vacinas desenvolvidas pela UFMG estão entre as vencedoras da primeira etapa do Prêmio Euro Inovação na Saúde. Agora, a Calixcoca, contra a dependência de cocaína e crack, e a SpiN-TEC, primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19, podem vencer a categoria “Destaque”, que concederá um prêmio de 500 mil euros.

Para o professor Helton Santiago, coordenador dos testes clínicos da SpiN-TEC, o avanço na premiação simboliza um reconhecimento para toda a equipe do CTVacinas. O prêmio final, se conquistado, será usado para impulsionar o desenvolvimento de outras vacinas na UFMG, contra a malária e a leishmaniose, por exemplo.

“Estamos trabalhando para que a SpiN-TEC chegue ao SUS [Serviço Único de Saúde], mas o maior legado não é que ela seja mais uma vacina contra a Covid-19. É um legado para a ciência brasileira, abrindo um caminho que outras vacinas possam trilhar. É a primeira vacina brasileira que passa por todo esse percurso, do concepção aos testes clínicos”, diz o professor ao BHAZ.

A vacina contra a Covid-19 foi uma das selecionadas na categoria “Inovação em terapias”. Já a Calixcoca foi uma das vencedoras na categoria “Inovação tecnológica aplicada à saúde”. Na etapa final, médicos e médicas registrados em conselhos de medicina no Brasil podem votar em uma das vacinas aqui, até 3 de setembro.

Vacina contra Covid-19

Os cientistas que desenvolvem a SpiN-TEC na UFMG estão acompanhando as pessoas que participaram da primeira fase dos testes clínicos, e agora estão realizando uma análise para selecionar a dose que será aplicada na segunda fase.

Em junho, Helton Santiago apresentou os resultados parciais dos testes, que apontaram que o imunizante é seguro. “O outro parâmetro analisado foi a resposta imunológica, cujo resultado ainda é muito preliminar. Mas é possível perceber que a vacina induz uma resposta imunológica na pessoa vacinada”, disse na ocasião.

O professor agora conta que a equipe já encaminhou os dados para análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que pediu duas alterações no protocolo. “Fizemos as alterações, enviamos novamente, e a Anvisa está analisando. Estamos esperando a autorização para avançar para a fase 2”, explica.

Santiago ainda reforça que a conquista na primeira etapa do Prêmio Euro Inovação na Saúde reconhece o esforço do Brasil em trilhar um caminho de avanço na pesquisa científica da América Latina. “Outros países fizeram isso 20, 30 anos atrás. Nós estamos chegando lá, graças à vontade política e ao apoio dos brasileiros. É muito gratificante dar esse retorno para os brasileiros”, diz.

Vacina contra crack e cocaína

A Calixcoca é uma vacina terapêutica para o tratamento da dependência de cocaína e crack que está sendo desenvolvida pela UFMG desde 2015. A fase de testes pré-clínicos já foi concluída, e em julho, o Governo de Minas anunciou um aporte de R$ 10 milhões para a continuidade do desenvolvimento do imunizante.

“As primeiras fases foram fomentadas pela FAPEMIG [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais] e agora, com resultados promissores, a Reitoria da UFMG pediu apoio e nos colocamos à disposição para essa nova fase”, afirmou o secretário Fábio Baccheretti.

Sandra Goulart Almeida, reitora da UFMG, falou sobre a expectativa para os próximos passos da pesquisa. Segundo ela, os testes clínicos da vacina contra a dependência de cocaína e crack devem começar em breve e durar cerca de dois anos.

Hoje, não existe nenhum medicamento registrado no mundo para o tratamento da dependência dessas drogas. Há três grupos ao redor do mundo trabalhando em projetos semelhantes desde o final dos anos 1990, além de também existir pesquisas de vacinas para o tabagismo e para metanfetaminas e opióides.

O secretário ainda informou que, se bem sucedida, a plataforma da Calixcoca também pode ser capaz de criar, no futuro, vacinas para outras drogas sintéticas cujo uso vem aumentando pelo mundo.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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