Um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falar que as questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) “começam agora a ter a cara do governo”, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou interferência nas provas. Em entrevista à CNN, o chefe da pasta afirmou que as provas já foram impressas e encaminhadas.
“O Enem está garantido, as provas já foram impressas há meses, já foram encaminhadas. Não há como interferir, nem eu, nem o presidente do Inep, nem o presidente da República. Essa ideia de que houve interferência é uma narrativa de alguns que estão querendo mais uma vez politizar a educação. A educação não tem partido”, afirmou Ribeiro.
A informação de Bolsonaro de que a prova teria “a cara do governo” foi dada depois de uma conversa do presidente com o ministro da Educação, segundo o próprio Bolsonaro. Milton Ribeiro, porém, negou qualquer cunho ideológico na prova. “Nem de esquerda e nem de direita. Ele [Jair Bolsonaro] nunca me pediu nada, nunca me sugeriu nada”, argumentou.
Em relação aos 37 pedidos de exoneração de servidores públicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, o ministro disse não acreditar em “nenhum tipo de coação” e classificou o grupo de servidores de “extremamente politizado”.
Ao Fantástico, da TV Globo, servidores detalharam tentativas de interferência no conteúdo das provas e situações de intimidação. Alguns ainda falaram de “pressão insuportável” e “assédio moral”.
Demissão não está efetivada
Ribeiro negou acessos indevidos à prova. “Eu não acredito em nenhum tipo de coação, tanto que nenhum dos nossos diretores, além dos que estavam incumbidos disso, teve acesso às provas. Se me perguntar hoje, não sei o tema da redação, e não quero saber”, disse.
Segundo o ministro, os servidores continuam trabalhando até a aplicação das provas do Enem, marcada para acontecer nos próximos dois domingos, 21 e 28 de novembro. “Eles só vão sair depois das provas do Enem, porque são responsáveis até agora por tudo que está acontecendo. Demos-lhes a competência de preparar as provas, então vão estar conosco até o final. Após, se resolverem reafirmar a demissão de cargos comissionados, eles podem fazer”, afirmou.