CPI da Covid aprova relatório final, pede 80 indiciamentos e acusa Bolsonaro de 9 crimes

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Texto foi aprovado às vésperas dos seis meses da CPI (Pedro França/Agência Senado)

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid aprovou, nesta terça-feira (26), seu relatório final. O texto do senador Renan Calheiros (MDB-AL) recebeu 7 votos favoráveis e 4 contra. Com a aprovação, às vésperas de completar seis meses de investigações, a CPI encerra os trabalhos.

Ao todo, o texto pede 80 indiciamentos – que incluem 78 pessoas e duas empresas. Só ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a comissão atribui nove crimes diferentes. Há também pedidos de indiciamento dos três filhos do presidente que estão na política, além de ministros, ex-ministros, jornalistas, médicos, empresários e o governador do Amazonas, Wilson Lima.

As empresas responsabilizadas no texto são as duas que firmaram contrato com o Ministério da Saúde e tiveram as atividades dissecadas durante longas sessões da comissão – a Precisa Medicamentos e a VTCLog.

O parecer agora será encaminhado a diferentes órgãos públicos, de acordo com a competência de cada um. Entre os órgãos que vão receber o relatório final, estão a Câmara dos Deputados, A Polícia Federal, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), o MPF (Ministério Público Federal), o TCU (Tribunal de Contas da União), a Procuradoria-Geral da República, a Defensoria Pública da União e ministérios públicos estaduais.

Acusações a Bolsonaro

A versão final do parecer da CPI da Covid, que tem 1.279 páginas, recomenda o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pela prática de nove infrações. São elas:

  • Epidemia com resultado morte
  • Infração de medida sanitária preventiva
  • Charlatanismo
  • Incitação ao crime
  • Falsificação de documento particular
  • Emprego irregular de verbas públicas
  • Prevaricação
  • Crimes contra a humanidade
  • Crimes de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo)

Os três filhos do presidente – o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) – também não foram poupados pelo relator, que os acusou da prática de incitação ao crime.

Fake news e crise de oxigênio

A versão final do relatório inclui ainda o pedido de indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima, e do ex-secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo. A eles, a comissão atribui a responsabilidade pelo agravamento da pandemia e crise de oxigênio que colocou o estado no centro dos debates sobre a saúde pública no início deste ano.

Antes da votação do relatório, a CPI da Pandemia aprovou seus últimos dois requerimentos. O primeiro, do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pede a quebra de sigilo telemático das redes sociais do presidente Jair Bolsonaro e a suspensão de acesso aos seus perfis. O pedido foi feito após declarações que o presidente fez em uma live associando a vacina contra a Covid-19 ao desenvolvimento do vírus da Aids.

A pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a CPI da Covid também aprovou o encaminhamento de informações sobre esse episódio ao ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito das fake news.

‘Presidência não é cargo de boteco’

Ainda durante as atividades, o senador Omar Aziz, presidente da comissão, esteve entre os parlamentares que criticaram Bolsonaro pelas declarações recentes. “A Presidência da República é uma instituição. Não é um cargo de boteco em que você fala o que quer tomando cerveja ou comendo churrasquinho”, disparou.

Aziz ainda criticou a atitude do presidente de divulgar ao povo brasileiro um falso estudo que “não tem cabimento nenhum, quando nós estamos implorando para a população se vacinar”. A sessão foi encerrada com um minuto de silêncio em respeito às vítimas da Covid-19.

Votação

Votaram a favor do relatório:

  • Omar Aziz (PSD-AM)
  • Eduardo Braga (MDB-AM)
  • Humberto Costa (PT-PE)
  • Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
  • Renan Calheiros (MDB-AL)
  • Tasso Jereissati (PSDB-CE)
  • Otto Alencar (PSD-BA).

E contra:

  • Eduardo Girão (Podemos-CE)
  • Marcos Rogério (DEM-RO)
  • Jorginho Mello (PL-SC)
  • Luis Carlos Heinze (PP-RS).

Com Agência Senado

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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