O clima esquentou na reunião realizada na manhã desta quarta-feira (25) entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e os governadores dos quatro Estados da região Sudeste do país. Além de sofrer fortes desaprovações dos gestores do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Bolsonaro foi duramente criticado pelo mandatário de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Decepcionante a postura do presidente Jair Bolsonaro na reunião que tivemos há pouco com Governadores do Sudeste para tratar sobre o combate ao coronavírus. Levamos as solicitações do Governo de SP e nosso posicionamento sobre a forma como a crise deve ser enfrentada”, publicou Doria pouco após o fim da reunião.
Decepcionante a postura do Presidente @jairbolsonaro na reunião que tivemos há pouco com Governadores do Sudeste para tratar sobre o combate ao coronavírus. Levamos as solicitações do Governo de SP e nosso posicionamento sobre a forma como a crise deve ser enfrentada.
— João Doria (@jdoriajr) March 25, 2020
O gestor paulista travou um bate-boca com o presidente da República logo no início do encontro. “Na condição de cidadão, de brasileiro, e também de governador, inicio lamentando os termos do seu pronunciamento à nação. O senhor como presidente da República tem que dar o exemplo. Tem que ser mandatário para comandar, para dirigir, liderar o país e não para dividir”, disse o tucano.
Em tom de voz alterado, o presidente acusou o governador de usar “demagogia barata” para fins políticos. “Hoje, subiu a sua cabeça, subiu a sua cabeça, a possibilidade de ser presidente da República. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal, que fez completamente diferente o que outros fizeram no passado. Vossa excelência não é exemplo para ninguém”, disse Bolsonaro.
O governador de São Paulo ainda ameaçou acionar a Justiça caso o governo federal confisque equipamentos e insumos destinados ao combate da pandemia e disse que os mortos não são de “mentirinha”.
“Presidente, no nosso Estado temos 40 mortos por COVID-19 dos 46 em todo o Brasil. São pessoas que tinham RG, CPF, e familiares que continuarão sentindo sua falta. Não são mortos de mentirinha, presidente. E essa não é apenas uma ‘gripezinha'”, escreveu no Twitter, após reunião.
Recebi como resposta um ataque descontrolado do Presidente. Ao invés de discutir medidas para salvar vidas, preferiu falar sobre política e eleições. Lamentável e preocupante. Mais do que nunca precisamos de união, serenidade e equilíbrio para proteger vidas e preservar empregos.
— João Doria (@jdoriajr) March 25, 2020
Por sua vez, Bolsonaro se manifestou pela conta oficial com a publicação de uma foto com informações. “38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores públicos também não receberão”, diz trecho do texto atribuído ao mandatário.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 25, 2020
“Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades. Deus abençoe o Brasil e nos livre desse mal”, complementa.
Reunião
A reunião foi convocado após Bolsonaro fazer um discurso, na noite de ontem, desprezando o risco de contaminação da pandemia de coronavírus e convocar a população a voltar às ruas, o que contraria todas as recomendações e estudos da área de saúde de todo o mundo.
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Os governadores, até o momento, não indicaram que vão alterar a estratégia para conter no novo coronavírus. Ao contrário, fizeram publicações contestando o posicionamento de Bolsonaro.
Zema, por exemplo, fez uma publicação enaltecendo os profissionais de saúde e escreveu a hashtag FiqueEmCasa. “Meu aplauso hoje é para os profissionais da saúde, que atuam no combate à Covid-19. Nós agradecemos a dedicação! Eles estão trabalhando por você, se proteja, projeta seus familiares e os familiares deles #FiqueEmCasa“, disse, em trechos da publicação.