População em situação de rua de BH triplica em 10 anos e supera 5 mil pessoas, aponta UFMG

População em situação de rua
84% dessa população é composta por homens (Amanda Dias/BHAZ)

Nos últimos 10 anos, a população em situação de rua de Belo Horizonte quase triplicou, e hoje já supera a marca de 5 mil pessoas. A informação foi divulgada pelo Censo Pop Rua 2022, realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG, a pedido da Prefeitura de BH.

São 5.344 pessoas, contra as 1.827 registradas em 2013, quando foi feito o último censo. O levantamento aponta que 84% dessa população é composta por homens, com média de idade de 42,5 anos; e apenas 16% são mulheres, que têm em média 38,9 anos.

O tempo de permanência das pessoas em situação de rua também aumentou: em 2013, a média era de 7,4 anos, e hoje são 11 anos.

O levantamento foi realizado entre os 19 a 21 de outubro, por 300 pesquisadores que coletaram dados nas nove regionais de BH. Os resultados foram apresentados na manhã desta quinta-feira (9) na Faculdade de Medicina da UFMG.

Políticas públicas

O professor Frederico Garcia, coordenador do censo e docente do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina, aponta a importância das informações obtidas para que a PBH adeque suas políticas públicas destinadas à população em situação de rua.

“Merecem destaque o aumento do tempo médio de permanência nas ruas, o envelhecimento dessa população e o impacto dos problemas de saúde mental na constituição desse grupo. Precisamos observar esses pontos para atuar de acordo com o Estatuto do Idoso na promoção de saúde e na prevenção de transtornos mentais entre crianças e adolescentes”, diz.

Para a realização do Censo Pop Rua 2022 – BH + Inclusão, a PBH, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, firmou parceria com a Faculdade de Medicina da UFMG, via Fundação de Apoio da UFMG (Fundep).

Também colaboram o Movimento Nacional de População de Rua, a Associação de Luta por Moradia Para Todos, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que integram o grupo técnico que acompanha, monitora e analisa a realização da pesquisa.

O Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVeS) da Faculdade de Medicina da UFMG, responsável pela metodologia, também realizou o censo anterior, em 2013.

Perfil da população

Das 5.344 pessoas registradas pelo Censo Pop, 2.507 responderam às perguntas dos pesquisadores. O levantamento aponta que 36,7% dos entrevistados relataram que foram para as ruas por causa de problemas familiares, e as outras razões mais citadas foram uso de álcool e drogas (21,9%) e desemprego (18%).

Entre aqueles que não responderam ao censo, 20,96% apresentavam sinais de ebriedade ou intoxicação (20,96%) no momento da abordagem, e 19,44% se recusaram a atender os entrevistadores.

Um total de 91,4% dos entrevistados disse desejar sair das ruas, mas os problemas enfrentados são, principalmente, falta de moradia (55,3%) e acesso a trabalho assalariado (55%).

São pardos ou pretos 82,6% das pessoas que estão em situação de rua na capital mineira. A origem de 59,5% das pessoas não é Belo Horizonte; 34,5% vieram de cidades do interior de Minas Gerais, 23,2% são de outros estados, e 0,8%, de outros países.

As regiões com maior concentração são Centro-sul e Leste, onde está mais da metade das pessoas encontradas.

Com UFMG

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!