Setra-BH reconhece que até 1 mil cobradores saíram da função, mas garante cumprir a lei

Yuran Khan/BHAZ

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) reconhece que de 800 a 1 mil cobradores foram retirados de suas funções em 2018 no transporte público da capital, mas afirma que a redução no número de trabalhadores não impacta no cumprimento da lei que determina a presença do agente de bordo nos coletivos. Nesta segunda-feira (17), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) insinuou que as empresas de ônibus de BH não estão cumprindo a legislação.

Apesar da retirada de alguns profissionais dos postos de trabalho, Joel Paschoalin, presidente do Setra-BH, garante que aproximadamente 5 mil cobradores estão “de fato recebendo dinheiro de passagem”, ou seja, estão trabalhando. A afirmação foi dada em coletiva nesta segunda-feira (17), na região Leste de BH.

A frota de Belo Horizonte é composta por 2,8 mil ônibus, 6 mil motoristas e 5 mil cobradores.

Outro ponto destacado por Joel é a dificuldade financeira enfrentada pelas empresas e que isso interfere na contratação de cobradores, aliada à ausência de profissionais para o cargo. Apesar de garantir que o custo de cobrador corresponde entre 10% e 12% da tarifa do transporte, Joel afirma: “Não sou favorável a tirar totalmente os cobradores, mas não concordo em repassar este custo para a tarifa custeada pelo usuário”.

Joel Paschoalin presidente do Setra-BH (Vitor Fórneas/BHAZ)

Mais de 8 mil multas pela ausência do cobrador

Mesmo com 8.726 multas aplicadas de janeiro a novembro de 2018 pela ausência do cobrador no transporte público da capital, o presidente do Setra-BH destaca que nem todas empresas conseguem pagá-las, por isso algumas recorrem da infração. “Quando não concordamos, recorremos. Já outras não são pagas devido à dificuldade financeira mesmo”, apontou Paschoalin, alegando que as empresas de transporte estão com déficit de R$ 20 milhões por mês.

Para reverter a situação financeira das empresas, Joel acredita que é necessário “viabilizar a redução de custos do sistema; reajustar a tarifa devido o alto aumento do combustível e os subsídios [por parte da PBH]. As empresas estão fechando no vermelho”, afirmou.

Indagado sobre a reação dos empresários com a declaração de Kalil no Twitter, de que dará o troco em quem descumprir a lei, o dirigente do Setra-BH acredita que o momento é de “focar na entrega da auditoria [caixa-preta da BHTrans]”. Ele ainda ponderou que a relação entre sindicato e prefeito não é ruim e defendeu uma auditoria a cada dois anos.

Lei do agente de bordo

Em Belo Horizonte, a Lei 10.526/2012 determina que os veículos destinados aos serviços de transporte público coletivo e convencional devem operar com agente de bordo. No entanto, há alguns que não precisam do profissional:

  • Veículos do Bus Rapid Transit (BRT);
  • Em horário noturno, das 20h30 às 5h59;
  • Aos domingos e feriados;
  • E nos veículos dos serviços especiais caracterizados como executivos, turísticos ou miniônibus.

Denúncias

O cidadão que quiser denunciar a ausência de agentes de bordo na sua linha de ônibus podem entrar em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte pelo telefone 156 ou no fale conosco do Portal da PBH.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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