Mais de 96%: BH tem novo recorde de ocupação de UTIs para Covid-19

Ambulância Hospital BH
Novo recorde ocorre no primeiro dia em que toque de recolher passa a valer em BH (Amanda Dias/BHAZ)

A ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19 em Belo Horizonte atingiu mais um recorde, e está em 96,6%, de acordo com boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (17). Os leitos de enfermaria também ficaram mais cheios de ontem para hoje, indo de 77,5% para 79,3% de ocupação. O único indicador que sofreu leve queda foi o número médio de transmissão por infectado (Rt), que caiu de 1,27 para 1,26.

O agravamento da situação, que já era extremamente alarmante, se dá no primeiro dia em que a capital mineira terá toque de recolher, conforme determinado pela Onda Roxa do programa Minas Consciente, que agora vale para todos os 853 municípios do estado. A partir das 20h de hoje, carros de som e blitzes estarão espalhados pelas cidades (veja aqui). A recomendação é de que moradores só deixem suas residências em situações emergenciais ou para trabalhar, sendo necessário comprovação nos dois casos. Além disso, as cidades também contarão com barreiras sanitárias.

Indicadores BH
Ocupação de UTIs segue batendo recordes (Reprodução/PBH)

Ainda de acordo com o boletim epidemiológico, BH tem 127.038 casos confirmados de Covid-19 e já registrou 2.957 óbitos em decorrência da doença. Além disso, 7.332 casos estão em acompanhamento e 116.749 pacientes se recuperaram da infecção pelo novo coronavírus na capital mineira. Até então, 177.134 pessoas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em BH, e 77.207 pessoas foram imunizadas com a segunda dose.

Colapso em BH

“Vamos nos unir, se não essa situação vai piorar. O serviço vai colapsar. Estamos no pré-colapso, que vai depender da ação cidadã de cada um de nós”, afirmou o especialista Estevão Urbano na última semana, durante a entrevista coletiva em que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou novas medidas de restrição em BH. “Nós já comentamos que certamente não tínhamos visto a pior face da pandemia, e estamos começando a ver essa face agora. Qualquer coisa significa colapso no sistema, e colapsando o sistema, não adianta ter plano de saúde. Não vai conseguir internar. Estamos vendo no interior que as pessoas precisam ser assistidas em casa. O que vimos em Manaus está chegando muito perto da gente”, complementou o infectologista Carlos Starling.

Em entrevista concedida ao BHAZ na última quinta-feira (11), o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, já adiantava a preocupação com o cenário do sistema de saúde. “A situação do Brasil todo está preocupante, estamos tendo recordes de mortes diárias. O sistema funerário de algumas regiões do país pode colapsar, tem lugar que já não tem leito mais. Mesmo em BH, pode ter um colapso do sistema de saúde”, afirmou o especialista.

Minas Gerais sem leitos

“É isso que queremos em Minas? Ver as pessoas morrendo pelas ruas?” Os duros questionamentos do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), resumem a situação enfrentada pelas mineiros atualmente, no momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus. O mandatário anunciou, no início da manhã desta terça-feira (16), que o sistema de saúde entrou em colapso no estado.

“Chegamos em um ponto onde nosso sistema de saúde entrou em colapso: mais pessoas procuram nossos hospitais do que temos capacidade de atendimento”, informou Zema, ao justificar o anúncio feito na noite de ontem (15) de colocar todas as regiões de Minas na onda roxa, fase com medidas mais extremas para brecar o avanço da Covid-19. “Não quero que Minas vire palco de filme de terror”.

“O que faremos muitos estados fizeram nos últimos meses. Nós estamos aqui para salvar e preservar a vida dos mineiros”, afirmou o governador. “Não temos outra alternativa do que colocar um teto no número de casos e as únicas medidas são vacinação, que está a passos lentos, e o isolamento social. Estamos sendo obrigados a optar se continuamos vivendo como se nada estivesse acontecendo ou fazer um isolamento para salvar vidas”, resumiu.

Onda roxa

A fase de restrições ainda mais rígidas foi anunciada no início deste mês – até então, as regiões com cenários mais graves eram enquadradas na onda vermelha, que não impunha restrições de circulação, por exemplo. Agora, no entanto, os municípios podem avançar para um estágio ainda mais grave, e, nesse caso, são colocados na onda roxa – é o caso, neste momento, de todas as cidades mineiras. A medida, com determinações rigorosas, foi criada diante do risco de um colapso do sistema de saúde, com tem sido observado em outros estados.

Entre as restrições previstas pela onda, está a proibição de circulação de pessoas que não se deslocam para atividades essenciais; o toque de recolher das 20h às 5h; a proibição de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não moram juntas; entre outras. Confira o que será vetado em todo o estado a partir de quarta:

  • Circulação pessoas e veículos pra atividades não-essenciais;
  • Circulação de pessoas sem máscara em qualquer espaço público ou coletivo, ainda que privado;
  • Circulação de pessoas com sintomas de gripe, exceto para realização ou acompanhamento de consultas e exames médicos e hospitalares;
  • Realização de reuniões/eventos presenciais, inclusive entre pessoas da mesma família que não moram juntas;
  • Qualquer tipo de evento público ou privado que possa provocar aglomeração;
  • Funcionamento de bares e restaurantes (permitido somente para delivery)

Quais são as atividades essenciais?

De acordo com o Governo de Minas, são consideradas atividades essenciais:

  • setor de saúde, incluindo unidades hospitalares e de atendimento e consultórios;
  • indústria, logística de montagem e de distribuição, e comércio de fármacos, farmácias, drogarias, óticas, materiais clínicos e hospitalares;
  • hipermercados, supermercados, mercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, padarias, quitandas, centros de abastecimento de alimentos, lojas de conveniência, lanchonetes, de água mineral e de alimentos para animais;
  • produção, distribuição e comercialização de combustíveis e derivados;
  • distribuidoras de gás;
  • oficinas mecânicas, borracharias, autopeças, concessionárias e revendedoras de veículos automotores de qualquer natureza, inclusive as de máquinas agrícolas e afins;
  • restaurantes em pontos ou postos de paradas nas rodovias;
  • agências bancárias e similares;
  • cadeia industrial de alimentos;
  • agrossilvipastoris e agroindustriais;
  • telecomunicação, internet, imprensa, tecnologia da informação e processamento de dados, tais como gestão, desenvolvimento, suporte e manutenção de hardware, software, hospedagem e conectividade;
  • construção civil;
  • setores industriais, desde que relacionados à cadeia produtiva de serviços e produtos essenciais;
  • lavanderias;
  • assistência veterinária e pet shops;
  • transporte e entrega de cargas em geral;
  • call center;
  • locação de veículos de qualquer natureza, inclusive a de máquinas agrícolas e afins;
  • assistência técnica em máquinas, equipamentos, instalações, edificações e atividades correlatas, tais como a de eletricista e bombeiro hidráulico;
  • controle de pragas e de desinfecção de ambientes;
  • atendimento e atuação em emergências ambientais;
  • comércio atacadista e varejista de insumos para confecção de equipamentos de proteção individual – EPI e clínico-hospitalares, tais como tecidos, artefatos de tecidos e aviamento;
  • de representação judicial e extrajudicial, assessoria e consultoria jurídicas;
  • relacionados à contabilidade;
  • serviços domésticos e de cuidadores e terapeutas;
  • hotelaria, hospedagem, pousadas, motéis e congêneres para uso de trabalhadores de serviços essenciais, como residência ou local para isolamento em caso de suspeita ou confirmação de covid-19;
  • atividades de ensino presencial referentes ao último período ou semestre dos cursos da área de saúde;
  • transporte privado individual de passageiros, solicitado por aplicativos ou outras plataformas de comunicação em rede.
Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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