Defensoria Pública envia recomendações ao Mineirão para coibir casos de assédio e racismo

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O Mineirão tem 20 dias para responder à recomendação e informar quais medidas serão implementadas para coibir essas práticas (Amanda Dias/BHAZ)

Atualização às 13:34 do dia 26/11/2021 : Esta matéria foi atualizada para acrescentar o posicionamento do Mineirão, enviado após a publicação.

Após os recentes casos de racismo e assédio sexual registrados em jogos no Mineirão, a DPMG (Defensoria Pública de Minas Gerais) enviou à administração do estádio um documento que sugere a adoção de medidas para o enfrentamento de episódios como esses. Agora, a Minas Arena, responsável pelo Mineirão, tem o prazo de 20 dias para responder à recomendação e informar quais medidas serão implementadas para coibir essas práticas.

Para elaborar o documento, no último dia 18, membros da Câmara de Estudos de Igualdade Étnico-Racial, de Gênero e de Diversidade Sexual e da Coordenação Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres se reuniram com três das vítimas de violência de gênero e práticas racistas ocorridas no estádio.

De acordo com o defensor público Paulo César Azevedo de Almeida, a medida visa sensibilizar a Minas Arena sobre a necessidade de se ajustar os esquemas de segurança para proteger e acolher as torcedoras.

“Daremos preferência ao tratamento da questão na via extrajudicial, porque essa é a prioridade da DPMG. E acreditamos que, no âmbito do diálogo e do acordo, poderemos alcançar a qualificação da equipe de segurança, melhorar as estruturas do estádio e promover campanhas continuadas de educação em direitos para as torcedoras e os torcedores”, disse.

Medidas recomendadas

Além da realização de campanhas educativas, como a lançada neste mês pelo Mineirão, a Defensoria Pública propõe a adoção de medidas estruturais voltadas para a proteção das torcedoras e trabalhadoras do estádio. Um exemplo disso é a capacitação dos profissionais responsáveis pelo acolhimento das vítimas de violência de gênero e racial.

O órgão também recomenda a facilitação do acesso aos bares para as mulheres, se possível, com indicação de filas exclusivas para as torcedoras. É sugerida, ainda, a instalação de grades de proteção nesses locais, a fim de reduzir a exposição das trabalhadoras e ampliar a sua segurança, além da contratação de profissionais mulheres.

A DPMG também sugere a realização de cursos de formação continuada em gênero, com recorte de etnia-raça e classe social, aos profissionais que prestam o acolhimento inicial às vítimas.

‘Repense suas atitudes’

Ao BHAZ, o Mineirão disse que recebeu o documento no dia 19 e que ele está “sob análise”. A administração do estádio reforça, ainda, que lançou no dia 18 a campanha “Todos contra a Importunação Sexual“, feita em parceria com diversas instituições, como a FMF (Federação Mineira de Futebol), órgãos públicos de Belo Horizonte e de Minas Gerais, e os clubes da capital, AméricaAtlético e Cruzeiro.

“As ações no estádio foram colocadas em prática já no jogo entre Atlético e Juventude, no sábado (20), pelo Campeonato Brasileiro, inclusive, com exibição de vídeos de uma campanha da Defensoria Pública de Minas Gerais no telão e nas televisões do estádio para incentivar o enfrentamento à violência contra as mulheres”, diz um trecho da nota.

“É importante ressaltar que o Mineirão sempre repudiou todos os atos de violência de gênero e de cor. Quando casos relacionados a essas questões acontecem no estádio, nossas ações são para minimizar todos os impactos causados na vítima e direcioná-las da maneira mais adequada”, acrescenta.

Nota do Mineirão a íntegra

O Mineirão recebeu, na noite da última sexta-feira (19), o documento com recomendações da Defensoria Pública de Minas Gerais. O conteúdo está sob análise. Mas, independentemente da recomendação, o estádio lançou, na última quinta-feira (18), com apoio de América, Atlético e Cruzeiro, bem como da Federação Mineira de Futebol e de diversos órgãos públicos (Polícia Militar de Minas Gerais, Polícia Civil de Minas Gerais, Guarda Municipal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e Ministério Público de Minas Gerais), a campanha ‘Todos contra a Importunação Sexual’.

As ações no estádio foram colocadas em prática já no jogo entre Atlético e Juventude, no sábado (20), pelo Campeonato Brasileiro, inclusive, com exibição de vídeos de uma campanha da Defensoria Pública de Minas Gerias no telão e nas televisões do estádio para incentivar o enfrentamento à violência contra as mulheres.

É importante ressaltar que o Mineirão sempre repudiou todos os atos de violência de gênero e de cor. Quando casos relacionados a essas questões acontecem no estádio, nossas ações são para minimizar todos os impactos causados na vítima e direcioná-las da maneira mais adequada. O objetivo é melhorar as ações por meio de um trabalho interdisciplinar com os diversos atores da sociedade, cada qual com a sua competência, assim como vem acontecendo com a campanha ‘Todos contra a importunação sexual'”.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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