Donos de bares perto da UFMG querem negociar condições com a PBH para funcionar às quintas; entenda

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Assim como o bar do Cabral, o Melhor Bar também deverá ficar fechado nesta quinta-feira (16) e na próxima (23) por determinação da PBH (Higor Alessando/Arquivo pessoal)

Donos de alguns dos bares localizados nas proximidades da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) vão tentar negociar com a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) para manter o funcionamento às quintas-feiras – dia da semana em que mais alunos da universidade se reúnem nos estabelecimentos e fora deles.

Assim como o bar do Cabral, um dos principais pontos de encontro dos estudantes da universidade, o Melhor Bar também deverá ficar fechado nesta quinta-feira (16) e na próxima (23). A decisão surgiu em comum acordo em reunião com a Prefeitura de BH, PM e mais envolvidos. O objetivo é evitar complicações no trânsito da avenida Antônio Carlos, assim como resguardar a segurança dos estudantes e demais pedestres.

Ao BHAZ, Higor Alessandro, proprietário do Melhor Bar, disse que pretende enviar uma proposta ao Executivo municipal com sugestões para a situação. Ele conta que o faturamento das primeiras quintas-feiras do semestre é que paga o salário dos funcionários quando o “calo aperta” no período de férias.

“Vamos enviar uma proposta para a prefeitura de colocarmos grades, alambrados, ou até uma varanda urbana móvel. Também queremos discutir uma possível abertura do bar às 19h nos primeiros dias de aula dos semestres letivos”, explica ele.

Outra possibilidade levantada pelo comerciante é a utilização de um lote vizinho que estaria parado há anos como um espaço de convivência para os estudantes. “Parte dessas propostas já foram apresentadas na reunião que aconteceu na segunda-feira com a prefeitura, mas não foram acatadas”, diz Higor.

Prejuízos

As quintas-feiras no bar do Cabral viraram uma tradição dos estudantes, como um dia escolhido para se reunirem por lá. Nos outros dias da semana, o movimento cai bastante e, por isso, os comerciantes vão tentar negociar com a prefeitura.

“Se for pra fechar o bar na quinta-feira, pode fechar para o resto da vida. O lucro que a gente tem vem todo da quinta-feira. Juntando segunda, terça e quarta-feira eu vendi R$ 600. Em uma quinta-feira eu vendo R$ 4 mil”, disse Higor.

Silvânia Ferreira Cabral, proprietária do bar do Cabral, explica que a intensa movimentação no local teve início há alguns anos, quando um bar localizado dentro da universidade foi fechado.

Tanto ela quanto Higor garantem que os problemas relacionados ao trânsito na Antônio Carlos só acontecem na primeira quinta-feira do semestre. Nas demais, o movimento intenso de alunos é controlável e é de onde vem o faturamento do mês.

“Ontem eu fechei o bar 23h, se tivesse 10 pessoas lá dentro era muito. A gente já conta com a quinta-feira, compramos mais cerveja pra vender, então o bar fechar nesses dias é um prejuízo enorme. São dois meses de férias, fiquei janeiro e fevereiro com o bar fechado. Então a gente conta com esse retorno para repor mercadorias, pagar fornecedores”, lamenta ela.

Ao BHAZ, a Prefeitura de BH disse que o fechamento dos bares nesta quinta-feira e na próxima foi decidido “em comum acordo, durante reunião entre a equipe de fiscalização da PBH, Polícia Militar, Guarda Municipal, BHtrans e representantes de bares, para evitar a realização de uma calourada”. Ou seja, a interrupção do funcionamento dos bares ocorreu pontualmente, em função da realização de um possível evento. Apesar disso, os comerciantes temem novos fechamentos.

Vereadora se mobiliza

Nessa quarta-feira (15), a vereadora de Belo Horizonte, Iza Lourença (PSol), encaminhou um ofício para a prefeitura com o objetivo de abrir diálogo sobre o funcionamento do Cabral nas quintas-feiras em que houve a proibição.

“A saída não é a proibição do funcionamento dos bares! Isso prejudica trabalhadores que dependem desses momentos para sobreviver e penaliza a juventude que quer um momento de lazer. A prefeitura precisa abrir diálogo sobre o tema e ajudar em uma resolução”, escreveu ela.

Antônio Carlos: uma avenida complexa

O professor Dimas Gazolla, especialista em planejamento de transportes, do departamento de engenharia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), explica que a situação da Antônio Carlos é complexa.

É que além de ser um dos corredores mais importantes da cidade, a avenida conta com muitos equipamentos, como pontos laterais de embarque e desembarque, estação do Move, travessias de pedestres e, claro, a movimentação que se intensifica nas proximidades dos bares em dias específicos.

Questionado sobre a possibilidade de fechamento de parte da via, como sugerido por alguns frequentadores dos bares, ele diz que seria praticamente impossível, dado o fluxo de veículos e pessoas na região. “O corredor Antônio Carlos é um dos mais importantes e o volume de prejudicados, com um fechamento de via, mesmo que parcial, seria impensável”, diz ele.

O especialista não conhece as estruturas dos empreendimentos, mas avalia que é necessário uma convivência saudável entre os bares, o público frequentador e o trânsito. Em casos de impossibilidade, é preciso promover adequações. “Se o empreendimento não tem condições de conviver com o trânsito, avaliar uma remodelação é importante”, destaca.

Em alguns casos, por exemplo, seria possível criar um segundo pavimento, usar espaços de fundos, parquetes e até deques, que podem ajudar a equilibrar a aglomeração de pessoas em bares e outros empreendimentos e deixar que o trânsito flua. “É uma avaliação caso a caso”, diz o especialista.

Para o professor Dimas, a região da Antônio Carlos, nas proximidades da UFMG, carece de um estudo que ajude a equacionar os vários elementos que compõe o trânsito.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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