Após críticas a Wagner Moura por marmita com camarão no MTST, restaurante que doou alimento rebate: ‘Comida de rua’

Wagner Moura no MTST
Políticos e internautas ironizaram a foto do ator comendo camarão em ocupação (Reprodução/@GuilhermeBoulos/Twitter)

Depois que uma foto do ator Wagner Moura comendo uma marmita de acarajé em uma ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) se tornou alvo de críticas, a cozinheira e o restaurante que doaram o alimento ao movimento rebateram os julgamentos.

Na internet, políticos e outros internautas ironizaram a foto do ator e diretor de “Marighella” comendo camarão na Ocupação Carolina Maria de Jesus, em São Paulo. Para os críticos, o fruto do mar seria um alimento que “não condiz” com a realidade da população pobre das ocupações do MTST.

A cozinheira do restaurante Acarajazz, que doou a comida para a ocupação, se manifestou contra as críticas e reforçou que o acarajé é um prato típico e popular da Bahia. O perfil do restaurante também rebateu os julgamentos nas redes sociais.

“Fiz esse acarajé e levei voluntariamente como militante do MTST, paguei mais barato no quilo do camarão do que no quilo da carne, e cozinhei utilizando um botijão de gás que paguei 110 reais, paguei quase 7 reais no litro da gasolina pra chegar na ocupação”, escreveu a cozinheira, identificada como Bia Soulz.

O perfil do restaurante Acarajazz também se manifestou com uma publicação pedindo “menos osso e mais camarão”, em alusão à situação de pessoas em condição de miséria que compram ossos ao não conseguir pagar pela carne.

“Que o acarajé, comida de rua e popular possa ser ainda mais conhecido em cada cantinho desse Brasilzão para quando baterem o olho em seus recheios só pelas texturas e composição saibam do que se trata”, defendeu o estabelecimento no Instagram.

Relembre

A foto do baiano Wagner Moura comendo uma marmita de acarajé foi publicada pelo coordenador do MTST, Guilherme Boulos, na sexta-feira (12). O ator e diretor foi à ocupação para uma exibição popular do filme “Marighella” a membros do MTST.

Logo, Moura começou a ser criticado por comer camarão em um local ocupado por pessoas “pobres”. A comida, no entanto, estava sendo servida para todos os presentes.

“Agora tem o MTST raiz e o MTST Nutella. Ou será que já é o comunismo purinho, onde a elite do partido come camarão e o restante se vira e passa fome igual à exemplar Venezuela?”, questionou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) no Twitter.

Outros usuários das redes sociais acusaram Wagner Moura de ser “desumilde” por comer camarão na ocupação. Na marmita, além do fruto do mar, estavam comidas típicas baianas como o vatapá e o caruru, que compõem o acarajé.

Para Marcos Queiroz, pesquisador e doutorando em Direito pela UnB (Universidade de Brasília), a discussão revela que parte da direita brasileira está “naturalizando quem pode e não pode comer bem no Brasil”.

“Esse pensamento não tem nada diferente da lógica de castas, do regime escravocrata. Não é brincadeira que é essa mesma gente que levou o Brasil novamente para o mapa da fome. Modelo econômico e ideologia senhorial são faces da mesma moeda da crise que vivemos”, escreveu o pesquisador no Twitter.

“Galera preocupada com o prato farto do Wagner Moura. Não conhecem o MST. A gente é sempre recebido com fartura. Alimento de qualidade é doado a quem precisa! Chama soberania alimentar. Quem oferece miséria, alimento vencido e ração humana é o capitalismo”, defendeu a médica Júlia Rocha.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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