Zé Love, ex-jogador do Santos, desabafa sobre depressão: ‘Não é frescura’

zé love brasiliense e santos
Pelo Brasiliense, o jogador já conquistou a Copa Verde e o Campeonato Brasiliense (Reprodução/Instagram/@zelove9 + Divulgação/Santos)

O atacante Zé Love, ex-Santos e atualmente no Brasiliense, acendeu um alerta para uma temática ainda pouco debatida no esporte ao fazer um desabafo: a depressão e a saúde mental de atletas. Por meio de seu Twitter pessoal, o jogador de 34 anos vem escrevendo depoimentos sobre a situação complicada pela qual tem passado. “Depressão não é frescura, só Deus sabe o que estou passando e lutando”, postou o atleta na noite de ontem (13).

Zé Love iniciou o tratamento há poucos dias e, na manhã de hoje (14), escreveu uma mensagem de esperança. “Nos momentos mais difíceis, onde a dor te cega e você só deseja sentir um pouco de alívio, não desanime! Acredite e confie!”, afirmou.

‘Recomeço’

No último dia 9, o atacante postou um vídeo sobre o início de seu tratamento e a esperança de voltar a jogar futebol pelo Brasiliense, seu clube atual. “Hoje é um recomeço. O dia que eu começo a fazer as minhas primeiras atividades físicas, com muito amor e carinho das pessoas que vêm me dando muito apoio. Com muita fé em Deus, tenho certeza que tudo vai dar certo com o tratamento muito bem feito que eu venho fazendo”, disse.

Zé Love prezou pelo cuidado uns com os outros. “Às vezes, uma pessoa quando sorri, se mostra alegre, pode estar passando por um momento muito complicado na vida dela. Deem carinho, apoio, amor. Isso eu venho recebendo bastante. Espero logo, logo, poder voltar a jogar e fazer aquilo que eu mais amo, dar alegrias à torcida do Jacaré [alcunha do Brasiliense]”.

“Gostaria de esclarecer tudo que vem acontecendo, e sem vergonha nenhuma. É uma doença silenciosa, e a gente tem que tomar cuidado”, ressaltou o campeão de Copa do Brasil e Libertadores no Santos. Veja o depoimento completo abaixo:

Coragem

Em outubro do ano passado, diante do caso de Matheusinho – que retornou ao América recentemente -, o BHAZ falou sobre o assunto e conversou com Ariel Murlik, psicólogo clínico que trabalha com atletas. Na época, ele ressaltou a importância do cuidado com a saúde mental como um todo no âmbito esportivo.

Para o psicólogo, um atleta vir a público para falar sobre a própria saúde mental é um ato bastante corajoso: “É importante tanto para ele, quanto para o esporte em geral. As pessoas conseguem olhar para esse outro lado. Não só para seu porte físico, se ele está fazendo gol… Olhar para o que os atletas passam além das quatro linhas é fundamental”.

Rede de apoio

No meio do esporte, a cobrança pelo melhor desempenho vem de diversas esferas: diretoria, torcida, imprensa, e até mesmo os próprios jogadores. Assim, diversas pressões podem afetar negativamente a saúde mental de quem está submetido a elas. Nesse contexto, é crucial a promoção do cuidado com a saúde mental nos clubes.

Foi o que defendeu Ariel Murlik na conversa com o BHAZ: “No contexto brasileiro, o número desses profissionais da saúde nos clubes ainda é muito baixo. É super importante criar uma rede de apoio no próprio time: um espaço onde os atletas possam se expressar, falar sobre coisas que não necessariamente têm a ver com o futebol ou outra modalidade que disputam”.

‘Força, Zé Love’

Nas redes sociais, muitos usuários desejaram melhoras a Zé Love. “É um dia após o outro e fé sempre em um amanhã melhor, esse é o melhor remédio. Sinta-se abraçado”, escreveu um torcedor. “Fica em paz, irmão”, desejou outro. Leia alguns comentários:

Casos aumentaram na pandemia

No início do período da pandemia de Covid-19 em 2020, a FIFPro (Federação Internacional dos Futebolistas Profissionais) ouviu 1602 jogadores e jogadoras de futebol em confinamento em países como Inglaterra, França e Estados Unidos.

Segundo a organização, cerca de 22% das mulheres e 13% dos homens relataram possíveis sintomas de depressão, como baixa autoestima, falta de apetite e de energia. Os índices dobraram em relação a outra pesquisa feita pela federação logo antes da pandemia, no início do ano passado.

Peça ajuda

Especialistas em saúde mental reforçam a necessidade de busca por ajuda em momentos difíceis, já que todos nós estamos sujeitos a enfrentar questões que nos atordoam e causam sofrimento. Por isso, a mensagem é: você não está sozinho (a).

Ligações para o CVV (Centro de Valorização da Vida) são gratuitas em todo o país. Por meio do telefone 188, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.

Além do CVV, também existem no Brasil os Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Trata-se de um serviço aberto constituído por uma equipe multiprofissional, que atua interdisciplinarmente no atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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