ALMG derruba veto de Zema e mantém reajuste adicional para servidores da Saúde, Educação e Segurança

Deputados derrubam veto de Zema
Estão mantidos os percentuais adicionais que beneficiam as áreas de Segurança Pública, Saúde e Educação. (Guilherme Bergamini/ALMG)

Os deputados da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) formaram maioria e derrubaram o veto do governador Romeu Zema (Novo) ao projeto de lei que prevê a aplicação de valores adicionais ao reajuste aos servidores estaduais. Foram 54 votos a favor e três contra durante reunião no Plenário nesta terça-feira (12).

Com isso, estão mantidos os percentuais adicionais aprovados pela Assembleia e que beneficiam as áreas de Segurança Pública (14%), Saúde (14%) e Educação (33,24%), assim como o auxílio social para inativos das forças de segurança. Esses reajustes devem ser somados aos 10,06% já aprovados para todo o funcionalismo do Executivo Estadual.

A decisão foi tomada após a comissão especial definida para opinar sobre o veto aprovar o parecer do relator, deputado Sávio Souza Cruz (MDB), nessa segunda-feira (11). Beatriz Cerqueira (PT), Professor Cleiton (PV) e Sargento Rodrigues (PL) votaram a favor do parecer, que pedia a derrubada do veto. Já o deputado Guilherme da Cunha (Novo) foi o único a votar contra.

Com a aprovação do parecer, a votação foi ao Plenário da ALMG. Para o veto ser derrubado oficialmente, eram necessários os votos de 39 deputados, a maioria simples, na votação desta terça. Agora, o governador tem até 48 horas para transformar em lei os adicionais. Depois desse prazo, se não houver decisão do Executivo, a tarefa caberá à casa legislativa.

Durante a reunião extraordinária, o deputado Guilherme da Cunha classificou como inconstitucionais e “inexequíveis” os adicionais determinados para a Educação, Saúde e Segurança Pública, afirmando que o impacto da derrubada do veto é de R$ 9 bilhões por ano. “A população pagará a conta”, disse.

Já Ulysses Gomes (PT) argumentou que a atuação da ALMG foi de articulação, enquanto o Governo de Minas não teria cumprido esse papel. Segundo o parlamentar, o governador “fechou as portas para o diálogo”. Do lado de fora da ALMG, servidores da Educação, que estão de greve há mais de um mês, manifestavam nesta manhã.

O parecer

O parecer pela rejeição do veto aos artigos 10 e 11 da proposição foi distribuído em reunião da comissão na manhã de ontem, a pedido do relator. No documento, o deputado rebate as alegações do governador, de inconstitucionalidade dos dispositivos vetados e de que haverá aumento substancial de despesas.

Segundo ele, não é possível acolher a alegação de inconstitucionalidade por vício de iniciativa dos dispositivos que viabilizam a recomposição de perdas inflacionárias. Para o deputado, a aplicação do piso salarial profissional nacional ainda representa “medida indispensável para suprir a omissão da proposição original, que não atendeu às normas constitucionais que determinavam a adoção de tais medidas”.

Sávio Souza Cruz também defende que não é possível comprovar a alegação de Romeu Zema de que o aumento das despesas se daria sem previsão expressa da fonte de custeio. O parlamentar argumenta que o governo não dá a devida transparência às contas públicas, além de ter aumentado a arrecadação e estar incrementando a política de renúncia de receitas.

O deputado ainda afirma que o Governo de Minas vem se negando a prestar informações solicitadas pela ALMG, mas que dados do Balanço Geral do Estado em 2021 apontariam recursos que seriam suficientes para arcar com as despesas decorrentes das revisões concedidas. O parecer ainda leva em conta outras considerações, rebatendo argumentos de Zema para o veto.

Zema fala em ‘fake news’

Na manhã de ontem, o governador Romeu Zema havia se posicionado sobre o veto ao PL, fazendo um alerta para “fake news” daqueles que “só se interessam por votos”. Ele publicou uma sequência de tuítes defendendo que o reajuste de 10,06% é o limite que pode ser pago pelo estado.

“Os servidores públicos merecem respeito, que começa por dizer a verdade, sem mentiras ou ilusão. Prefiro ter pulso firme, sendo responsável com o futuro, do que voltar ao desequilíbrio do passado que nos afundou em dívidas e falta de serviços para os mineiros”, escreveu.

Além de defender o limite do reajuste, Zema ainda acusou de irresponsáveis os sindicatos que promoveram greves de servidores da Educação em um momento de retomada ao ensino presencial.

Sobre o reajuste oferecido à categoria, o governador defende que o pagamento “é proporcional ao tempo trabalhado, conforme entendimento da Justiça, permitindo que professores ocupem mais de um cargo e, assim, tenham mais de um vencimento”.

O mandatário também diz que seria “vantajoso eleitoralmente” conceder os reajustes aos servidores. “Porém, nosso estado ainda tem uma enorme dívida e hoje respeita a Lei de Responsabilidade Fiscal. Prefiro ser julgado nas urnas pela firmeza com os recursos de todos os mineiros pagadores de impostos, do que nos tribunais pela irresponsabilidade que foi marca do governo passado e que estamos até hoje pagando”, finalizou.

O veto de Zema

O governador Romeu Zema vetou o projeto de lei que prevê o reajuste aos servidores estaduais. De autoria do próprio mandatário, o texto foi aprovado pela ALMG com a aplicação de índices adicionais de recomposição salarial. O substitutivo aprovado inclui emenda que incorpora sugestões de parlamentares para a aplicação de índices adicionais de recomposição para servidores da Segurança pública, da Educação e da Saúde.

Ao vetar o PL, Zema alegou em mensagem aos parlamentares que os dispositivos vetados são inconstitucionais e contrários ao interesse público. “Todos os servidores ativos e inativos e os pensionistas do Estado têm merecido valorização por parte dos Poderes e órgãos estatais, na medida das possibilidades legais, fiscais e conjunturais”, apontou o governador.

Por outro lado, o mandatário alegou que “não se pode realizar política pública de gestão de pessoal, de modo efetivo e sustentável no tempo, sem considerar o anteparo legal e fiscal que lhe dê fundamento”.

Zema ainda afirmou que os adicionais inseridos no PL acarretarão “aumento substancial das despesas públicas relativas ao pagamento dos servidores públicos estaduais, sem que haja previsão expressa da fonte de custeio dessas novas despesas”, além de dizer que a sustentabilidade fiscal do estado se agravaria.

Segurança pública

Originalmente, o PL de Zema só previa o reajuste de 10,06% e alguns benefícios para as forças de segurança. Agora, para a categoria, o percentual adicional de 14% será somado aos 10,06% propostos originalmente, a título de recomposição de perdas remuneratórias.

Caso o projeto seja sancionado, serão beneficiados profissionais das polícias civil e militar e dos bombeiros militares, assim como agentes penitenciários e socioeducativos e outras carreiras da Defesa Social.

O texto aprovado pela ALMG também prevê o pagamento de auxílio social, em três parcelas anuais, cada uma correspondente a 40% da remuneração básica do soldado de 1ª classe. As parcelas devem ser quitadas nos meses de maio, agosto e novembro, aos inativos e pensionistas dos quadros militares, de efetivos da Polícia Civil e de agentes penitenciários ou socioeducativos.

Além disso, o alcance do abono-fardamento deve ser ampliado. Entre os destinatários do benefício, serão incluídos auxiliares, assistentes, analistas e médicos da área de Defesa Social.

Educação

Para a Educação, o substitutivo age em defesa do piso nacional do magistério, que ainda não é pago em Minas Gerais. O texto estabelece o percentual adicional de 33,24% à recomposição salarial dos grupos de atividades da educação básica e superior, índice equivalente ao reajuste do piso divulgado pelo governo federal.

Os cargos em comissão de diretor e secretário de escola também deverão receber os benefícios financeiros dos reajustes, bem como as gratificações das funções de coordenador de escola e coordenador de posto de educação continuada.

Com a emenda nº 2, do deputado Sargento Rodrigues (PTB), os professores e especialistas da educação básica e os diretores que trabalham na rede de ensino Colégio Tiradentes da Polícia Militar também serão contemplados pela revisão adicional de 33,24%.

O texto aprovado pelos parlamentares ainda garante a anistia das ausências ao trabalho dos servidores da educação básica do estado, não cabendo qualquer tipo de penalidade por participação de movimentos grevistas neste ano.

Saúde

Por fim, o texto aprovado ainda garante o índice de revisão salarial de 14%, adicionais ao previsto no projeto original, para as carreiras do grupo de atividades de Saúde.

Ainda conforme o PL com o substitutivo, a correção nos vencimentos do Executivo deve ser retroativa a 1º de janeiro deste ano para todas as categorias de servidores contempladas. O texto original previa o pagamento retroativo apenas para Segurança pública, Educação e Saúde.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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