Motoristas de ônibus de BH não aceitam proposta e greve será retomada na madrugada

Ônibus
Paralisação deve ser retomada à meia-noite desta quinta (Moisés Teodoro/BHAZ)

Atualização às 19:58 do dia 01/12/2021 : Esta matéria foi atualizada para acrescentar o posicionamento da SetraBH, enviado após a publicação.

Os motoristas de ônibus de BH não aceitaram a proposta feita pelos representantes das empresas de coletivos em duas assembleias realizadas nesta quarta-feira (1°). Com isso, os rodoviários vão retomar a greve à meia-noite desta quinta-feira (2), de acordo com o STTR-BH (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte).

O presidente do sindicato, Paulo César da Silva, confirmou ao BHAZ que a paralisação deve durar até que os empresários apresentem uma nova proposta aos motoristas, condizente com as reivindicações da categoria.

O representante dos motoristas também garantiu que a paralisação cumprirá a frota mínima de viagens, que é de 60%. O valor a ser cumprido foi definido pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho), sob multa diária de R$ 50 mil.

Ao BHAZ, o SetraBH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte), que representa os empresários de ônibus, disse que a rejeição da proposta de reajuste salarial “causa estranheza” e “sinaliza que a intenção desses trabalhadores é fazer uso da paralisação, que muito prejudica toda a sociedade, em detrimento de ganhos inviáveis” (leia a nota na íntegra abaixo).

Greve em BH

No dia 18 de novembro, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte informou que os motoristas de ônibus de BH iniciariam uma greve a partir do dia 22. A entidade reivindica um reajuste salarial aos profissionais.

Com o anúncio, o TRT decidiu que a paralisação deveria cumprir uma cota mínima de 60% de viagens, sob multa diária de R$ 50 mil. Mas, segundo a BHTrans, o percentual não foi cumprido na primeira manhã da paralisação.

Ainda no dia 22, o STTR-BH se reuniu com o SetraBH em audiência convocada pelo TRT. Lá, os representantes de empresas e de motoristas de ônibus de BH não chegaram a um acordo e a greve foi mantida.

Ainda durante a reunião, o sindicato dos rodoviários se comprometeu a cumprir a quantidade mínima de viagens determinada pela Justiça.

Já no dia 23 de novembro, o STTR-BH suspendeu a greve, a pedido do TRT feito durante outra audiência. Paulo César Silva contou que o promotor do TRT ainda intimou o SetraBH a apresentar uma proposta até a última sexta-feira (26).

Hoje, os representantes dos dois sindicatos se reuniram em audiências às 9h e às 15h, mas os motoristas de ônibus formaram maioria e não aceitaram a proposta dos empresários.

Reivindicações

O presidente do STTR-BH explicou ao BHAZ que a categoria já está entrando no terceiro ano sem reajustes tradicionais. Os trabalhadores já haviam decretado estado de greve desdeo início do mês, após decisão feita em assembleia.

No estado de greve, os trabalhadores alertam que podem deflagrar uma paralisação a qualquer momento. “Como ninguém nos chamou para conversar, optamos por já enviar o aviso de greve à prefeitura, às empresas e às forças de segurança, começando à meia-noite da segunda”, diz o presidente.

Paulo César Silva defende que os motoristas de BH trabalharam durante toda a pandemia de Covid-19, se expondo a riscos. “Passamos por todas as mazelas, em ônibus cheios sem higienização, cumprimos nosso papel e não recebemos nenhum reajuste”, defende.

Ele ainda pede desculpas à população de BH pela greve, mas afirma que “não tinha outro caminho”.

Os motoristas de ônibus pedem um reajuste de 9% nos salários, além do reajuste do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Confira as outras reivindicações feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de BH que levaram à greve:

  • Ticket de alimentação de R$ 800,00;
  • Pagamento do ticket no atestado;
  • Remoção do banco de horas;
  • Abono salarial 2019/2020;
  • Retirada da limitação do passe livre;
  • Manutenção do passe livre para o afastado;
  • Melhoria no plano de saúde.

Nota do SetraBH

“O SetraBH informa que, mesmo diante do absoluto esgotamento financeiro das empresas de transporte da capital e da impossibilidade de arcarem com qualquer acréscimo de custos do sistema, foi apresentada aos rodoviários, com o objetivo de cessar o movimento grevista e não prejudicar a população da capital, uma proposta de reajuste salarial de 9%, além de correção no auxílio alimentação no mesmo índice, dentre outras reivindicações da categoria.

Além da proposta apresentada ser satisfatória aos pleitos da classe laboral, o SetraBH formulou o mesmo índice proposto pelas empresas do sistema metropolitano e que foi aprovada em assembleia de 9 (nove) sindicatos de trabalhadores do transporte público da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A notícia de rejeição da proposta por parte dos rodoviários da capital com a consequente retomada do movimento grevista a partir da meia-noite desta quinta-feira, dia 02 de dezembro de 2021, além de causar estranheza, sinaliza que a intenção desses trabalhadores é fazer uso da paralisação que muito prejudica toda a sociedade em detrimento de ganhos inviáveis e que jamais serão concedidos por parte das empresas.

Diante disso, o SetraBH protocolou, na tarde desta quarta-feira, petição direcionada ao Exmo Desembargador 1º vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho – TRT/MG requerendo a renovação da ordem judicial para determinar à categoria laboral a imediata e irrestrita manutenção de 100% (cem por cento) da frota em circulação sob pena de aplicação de multa”.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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