As autoridades e responsáveis pelos espetáculos futebolísticos em Minas estão, enfim, focados em banir a homofobia dos estádios. A Polícia Militar informou nesta quinta-feira (5) que agentes foram treinados para coibir esse tipo de crime e estarão à disposição já no próximo domingo (8), quando o Independência recebe Cruzeiro e Grêmio, para registrar ocorrência. A administradora do Mineirão, por sua vez, garantiu que prepara “uma campanha de orientação ao público que frequenta o estádio, referente ao fato da homofobia ser crime”.
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“Um absurdo esse tipo de comportamento de parte da população em pleno século 21. Se alguma vítima se sentir injuriada pelos cantos ou quaisquer outros atos, ela deve acionar a Polícia Militar, para que se faça o registro. Até porque isso pode subsidiar em um inquérito para a Polícia Civil, para identificar possíveis pessoas”, afirma ao BHAZ o porta-voz da PM, major Flávio Santiago.
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O militar explica também que a corporação realizou e realiza treinamentos para que os agentes saibam como se comportar diante de crimes homofóbicos. “Não só a questão LGBTQ+, mas também em relação à proteção aos grupos vulneráveis, e com muito veemência. A PM é uma garantidora de direitos, e que todos os critérios constitucionais sejam cumpridos. Nós temos, hoje, militares treinados para lidar com toda a questão em relação à legislação da homofobia”, garante.
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Em uma opinião pessoal, o major acredita que a sociedade deve caminhar junto com a polícia. “Ela [a sociedade] precisa ser parceira nesse processo de mudança tão histórico e tão importante que queremos. As pessoas não devem permitir e nem participar desses atos [homofóbicos]. Tudo o que é desrespeitoso e discriminatório deve ser rechaçado por todos, independente dos locais onde estejam”.
Ameaça e apoio
Após uma determinação da Justiça Desportiva, um crime que se naturalizou em todos os ambientes futebolísticos – incluindo, de forma emblemática, BH e Minas – veio à tona: a homofobia. Torcedores que entoarem gritos homofóbicos na arquibancada podem causar dano ao próprio clube, inclusive com a perda de pontos.
No dia 25 de agosto, o jogo entre Vasco e São Paulo, no Rio de Janeiro, foi paralisado após a torcida carioca cometer esse tipo de crime. No último domingo (1º), parte da torcida cruzeirense também protagonizou esse delito, mas a partida não foi paralisada.
Ontem, um casal homossexual que estava na partida do Cruzeiro passou a ser ameaçado. O motivo? Eles foram clicados sem saber, na arquibancada do Mineirão, abraçados. Antes, procurada pelo BHAZ, a Galoucura, principal torcida organizada do Atlético, garantiu que continuará com os cantos homofóbicos no estádio.
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Nesta quinta (5), a administradora do Mineirão afirmou que prepara “uma campanha de orientação ao público que frequenta o estádio, referente ao fato da homofobia ser crime”. “Contamos com o apoio dos clubes mineiros para orientar os seus torcedores e também para combater quaisquer tipos de preconceitos que aconteçam nas partidas realizadas no Mineirão”, disse, em nota (leia na íntegra abaixo).
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O Cruzeiro, por sua vez, afirmou “que não tem meios para entrar diretamente nessa questão por não ter o poder de autoridade e não poder tomar nenhuma decisão pela consequência alusiva à prática dos atos”. “Participamos de campanhas educativas em nossas redes sociais, principalmente, e estamos prontos para apoiar de forma ponderada outros movimentos apolíticos que sejam de interesse da sociedade”, complementou na nota (leia na íntegra abaixo).
Nota do Cruzeiro
“Diante de fatos homofóbicos que têm acontecido no Mineirão em dia de jogos, o Cruzeiro EC esclarece que não tem meios para entrar diretamente nessa questão por não ter o poder de autoridade e não poder tomar nenhuma decisão pela consequência alusiva à prática dos atos. Por não sermos autoridades, a segurança contratada para a parte interna do Mineirão fica sob responsabilidade da Minas Arena. Da área externa cuida a Polícia Militar.
A segurança do clube trabalha para garantir a tranquilidade de nossos atletas e comissão técnica no ônibus e vestiários e nos camarotes restritos ao clube. Participamos de campanhas educativas em nossas redes sociais, principalmente, e estamos prontos para apoiar de forma ponderada outros movimentos apolíticos que sejam de interesse da sociedade.
Sabemos que a Minas Arena está tomando providências de uma forma geral sobre vários fatos similares e esse especificamente”.
Nota do Mineirão
“Com relação aos fatos amplamente divulgados nas redes sociais desde o último domingo, e embora não tenha ocorrido nenhuma manifestação de violência dentro do estádio, o Mineirão se solidarizou com o torcedor que foi hostilizado nas redes sociais e o recebeu esta manhã.
Essa visita foi um primeiro passo para que o Mineirão prepare uma campanha de orientação ao público que frequenta o estádio, referente ao fato da homofobia ser crime. Contamos com o apoio dos clubes mineiros para orientar os seus torcedores e também para combater quaisquer tipos de preconceitos que aconteçam nas partidas realizadas no Mineirão”.