Belo Horizonte, na década de 1930, foi marcada por intensa transformação e expansão territorial. Construções modernistas começaram a modificar a paisagem urbana da capital mineira. O Edifício Ibaté, localizado na Rua São Paulo, nº 498, esquina com a Avenida Afonso Pena, no centro, é talvez o edifício que melhor simboliza esse marco histórico e arquitetônico da cidade. Ele é considerado o primeiro arranha-céu de Belo Horizonte.
Inaugurado em 1935, com 10 andares, o prédio se transformou em uma atração turística. “O Ibaté é um projeto de 1933, feito por um arquiteto muito importante que atuou aqui em Belo Horizonte, o Ângelo Murgel. O edifício é um dos pioneiros ao usar concreto armado na cidade. Isso era uma novidade revolucionária para BH”, avalia o arquiteto Ulisses Morato, estudioso do movimento modernista em Belo Horizonte. “É a primeira capital republicana projetada no país. Um ano antes, inaugurou o Cine Theatro Brasil, também projeto de Murgel que, esse sim, estreou a arquitetura usando concreto armado.”
Veja também
Ângelo Murgel é mineiro, natural de Cataguases, na Zona da Mata mineira. Ele se formou em arquitetura em 1931 pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Recém formado se mudou pra capital mineira. “Ele começou atuar no início dos anos 1930 em BH, com projetos arrojados, inclusive com projetos bem modernistas. Depois, ele volta para o Rio de Janeiro e a dar aulas na Escola Nacional Belas Artes, que hoje faz parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)”, conta Morato.
Curiosidades do edifício
O prédio foi projetado pra ter lojas no primeiro pavimento e andares com salas comerciais. Um fato bastante relevante, segundo Morato, é que, na época, Juscelino Kubitschek comprou uma sala no edifício e abriu um consultório médico antes de entrar pra política. O ex-presidente era urologista. “Isso mostra a aposta dele para esses símbolos da modernidade. JK é visionário no ponto de vista dessa aposta na arquitetura moderna, na modernização da cidade. Tanto que, anos depois, ele vai projetar a Pampulha”.
Até o nome do prédio foi cuidadosamente pensado. Ibaté, em tupi-guarani, significa ‘o ponto mais alto’. “Era o momento em que a arquitetura, sobretudo a arquitetura art déco, explorava a cultura indígena nacional, através dos nomes dos edifícios, como o Edifício Acaiaca, anos mais tarde. Além disso, essa arquitetura incorporava elementos decorativos inspirados na cerâmica marajoara”, completa o arquiteto.
As milhares de pessoas que passam diariamente pelo centro de BH podem não notar ou até não saber da importância do prédio. A construção é tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município desde 1994, e durante 21 anos ficou fechado. Em 2016 passou por reforma e passou a abrigar um hotel, que funciona até hoje no endereço.
Confira o vídeo:
Conhece o Edifício Ibaté? Considerado o primeiro arranha-céu de BH foi projetado em 1933 pic.twitter.com/INEKRERNM4
— BHAZ (@portal_bhaz) January 21, 2025