Corregedoria-Geral da Polícia Civil assume investigação sobre morte de escrivã em Minas

Escrivã Rafaela Drumond
Rafela Drumond foi encontrada morta, em casa, em junho deste ano (Reprodução/Redes sociais)

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil (CGPC) assumiu, de forma exclusiva, a presidência do inquérito policial e do procedimento de investigação disciplinar que apura as circunstâncias da morte da escrivã Rafaela Drumond.

De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, a CGPC assumiu o caso devido à complexidade da investigação.

“A CGPC, sediada em Belo Horizonte, apresenta a estrutura necessária para dinamizar e concluir os procedimentos instaurados. A PCMG reforça que as investigações continuarão sendo conduzidas de maneira isenta e imparcial”, diz nota da corporação.

Morte de escrivã

missa de 7º dia da escrivã Rafaela Drumond foi marcada por emoção e busca por justiça na última quinta-feira (15). Além de amigos e familiares, também estiveram presentes na cerimônia, realizada em Barbacena, colegas de profissão e representantes de entidades da categoria policial.

Na cerimônia, que aconteceu na Paróquia do Bom Pastor, o pai de Rafaela entrou com um cartaz em que pede “dignidade para todas as mulheres”. O quadro de efetivos da Polícia Civil da cidade esteve na frente da igreja para pedir “justiça por Rafaela”.

Adriano Bandeira, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), cobrou atenção, por parte dos governos Estadual e Federal, para a saúde mental dos policiais. “Só vamos resolver o problema do adoecimento da polícia, do assédio moral, do assédio sexual, que causa problemas como esse, se estivermos juntos: estado, policiais e representativo de policiais”, acrescentou.

Investigação

O corpo da escrivã de 31 anos foi encontrado pelos pais na cidade de Antônio Carlos, a 51 km de onde trabalhava.

O caso foi registrado como suicídio. A profissional relatava ter sido vítima de assédio no ambiente de trabalho. Vídeo gravado pela própria policial mostra ela sendo xingada na delegacia em que atuava por um homem.

O Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) afirma que vem recebendo diversas denúncias de que a vítima estava sofrendo assédio moral e sexual, além de pressão no trabalho.

O sindicato afirma que cobra das autoridades um posicionamento sobre as denúncias.

Relatos em áudio

Em áudios que enviou a amigos em fevereiro deste ano, a escrivã Rafaela Drumond desabafou sobre o assédio que sofria por parte de colegas de trabalho da Polícia Civil de Minas Gerais. O g1 teve acesso às gravações que, inclusive, mostram as perseguições.

“Sabe o que que ele pegou e fez? Virou a mesa em cima de mim, caiu cerveja na minha roupa, caiu os negócios que tavam na mesa na minha roupa. Na hora que acabou isso eu peguei meu telefone e comecei a gravar. Eu devia ter gravado desde o início”, disse ela uma amiga.

Rafaela conta que relatou o ocorrido ao delegado e, inclusive, mostrou o vídeo que gravou. Ele perguntou se ela desejava tomar providências, mas ela preferiu não se expor temendo represálias.

Em outro áudio, narra que teve receio de contar a situação aos amigos devido ao desgaste que sentia. “Eu fiquei quieta na minha, achando que as coisas iam melhorar”, lamentou.

A ex-PM Bruna Celle também foi motivada a expor os próprios assédios que sofreu após o caso de Rafaela vir à tona (confira aqui).

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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